Diluir ( fracionar ) a vacina contra Febre Amarela é “enganar o povo” |
Professor da Universidade de Brasília (UnB) e um dos maiores especialistas em febre amarela do Brasil, Pedro Tauil criticou a proposta de fracionar a vacina contra febre amarela neste momento.
“Isso foi usado em Angola, mas as condições eram totalmente diferentes. O país estava em meio a uma epidemia de febre amarela urbana e não havia vacina disponível.”
Os casos registrados até o momento são silvestres. Justamente por isso, disse, bastaria garantir a imunização nas áreas consideradas de risco e providenciar a vacinação de bloqueio em regiões próximas de epizootias (morte de macacos). “Não temos no momento necessidade do fracionamento. Isso é ludibriar o povo”, afirmou.
Assim como Tauil, o pesquisador da Fiocruz Cláudio Maierovitch considera o fracionamento desnecessário.
“Não tem sentido vacinar indiscriminadamente áreas urbanas populosas enquanto o vírus circula nas matas”, disse. Ele observou ainda haver o risco de a população, com receio de a vacina ser menos eficaz, tomar mais de uma dose.
Para o pesquisador André Siqueira, no entanto, a estratégia é bem-vinda. “Além de trazer maior tranquilidade, ela pode evitar, por exemplo, o risco do reaparecimento da febre amarela urbana”, avaliou.
- Art 132 CP : Combater o aedes e prevenir a Febre Amarela é dever e direito de todos ( O artigo 132 do CP tem por objetividade jurídica a vida e a saúde da pessoa humana )
Diluição da Vacina
O Ministério da Saúde se prepara para fazer o fracionamento da vacina contra febre amarela. “A decisão vai depender do quanto a gente necessitar no momento”, disse o ministro da Saúde, Ricardo Barros. Diante do aumento da pressão de Estados para ampliar a oferta de imunizantes e das filas enfrentadas em áreas onde não há risco da doença, a pasta encomendou um levantamento às secretarias de saúde para verificar qual a necessidade de ampliação da oferta.
A hipótese de importação de doses, estratégia inicial do governo foi colocada em segundo plano ontem, depois de produtores internacionais informarem não ter o item disponível para entrega. O Estado apurou que o ministério encomendou à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) um pedido para avaliar preço e disponibilidade de seringas para o fracionamento. A decisão deve ser anunciada na terça-feira.
De acordo com a Opas, não há ainda uma definição sobre o preço do produto ou sobre quando a entrega poderá ser feita. Essas seringas especiais têm tamanho menor, padronizado para a dose “diluída” da vacina. Barros afirmou que uma sondagem também está sendo feita para a compra de diluentes.
Caso o fracionamento seja decidido, a estratégia será estendida para todo o País. “A vacina fracionada só não será dada para menores de 5 e para maiores de 60 anos”, disse o ministro.
fonte: Estadão