O Retorno previsível da Febre Amarela ; Essa falha ocorreu em parte, porque o governo federal perdeu o senso de urgência, disse Alba Ropero- OPAS
Brasil enfrenta novo surto de febre amarela - e dúvidas por falta de preparo
O país planeja vacinar toda a sua população contra a letal doença transmitida por mosquitos, mas especialistas duvidam de sua capacidade de realizar essa meta..
Especialistas apontaram falhas em todos os níveis de governo.
- E como os casos de Febre Amarela caíram no inverno, em setembro de 2017, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse que o surto havia acabado.
- "Era muito previsível" o retorno da Febre Amarela, disse Maurício Nogueira, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia e especialista em doenças infecciosas.
- Essa falha ocorreu em parte porque o governo federal perdeu o senso de urgência, disse Alba Ropero, conselheira regional de imunização da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e da OMS em Washington.
- O Brasil planeja vacinar 77 milhões de pessoas até o final de 2019, mas especialistas duvidam que possam produzir vacina contra a febre amarela a tempo
Enquanto luta para controlar seu segundo surto mortal de febre amarela em anos consecutivos, o governo brasileiro disse que vai vacinar todos que ainda não estão protegidos - o que significa dar injeções a 77 milhões de pessoas até o final de 2019.
O Brasil planeja vacinar 77 milhões de pessoas até o final de 2019, mas especialistas duvidam que possam produzir vacina contra a febre amarela a tempo |
Mas, embora o Brasil já recomende vacinas contra a febre amarela em muitas áreas de 23 dos seus 27 estados, ele não foi capaz de cumprir essas recomendações, deixando muitos sem a proteção contra a doença Febre Amarela.
Isso levantou preocupações de especialistas em saúde se o Brasil pode realmente produzir toda a vacina de que precisa a tempo - apesar de ser um dos quatro únicos produtores que fornecem a vacina para a Organização Mundial de Saúde.
E isso provocou novas questões sobre por que o país não conseguiu impedir a disseminação da doença após o surto do ano passado.
Alberto Chebabo, especialista em doenças infecciosas do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, parte da Universidade Federal do Rio, disse que as autoridades não conseguiram prosseguir após a mobilização inicial para controlar o surto de 2017.
"Não vimos a necessidade naquele momento de vacinar toda a população com pressa", disse ele.
Essa falha ocorreu em parte porque o governo federal perdeu o senso de urgência, disse Alba Ropero, conselheira regional de imunização da Organização Pan-Americana de Saúde e da OMS em Washington.
Mas a responsabilidade pela vacinação é compartilhada por um conjunto confuso de erros dos governos federal, estaduais e municipais, e de muitos brasileiros comuns, a maioria homens, que relutavam em ser vacinados, disse ela. “Há uma corresponsabilidade em diferentes níveis.”
Transmitida por mosquitos, a febre amarela pode ser fatal em 15 a 50% dos casos. No início do século XX, as cidades brasileiras foram prejudicadas pela doença, mas em 1942, o Brasil viu seu último caso de febre amarela urbana.
Surtos cíclicos de febre amarela “silvestre” - em que mosquitos transmitem o vírus para humanos a partir de macacos infectados da floresta - causaram algumas dúzias de casos a cada ano.
Em janeiro de 2017, a febre amarela começou a se espalhar das florestas de Minas Gerais, um extenso estado rural, em direção ao populoso sudeste do Brasil, deixando centenas de macacos mortos em seu rastro.
Minas Gerais declarou uma emergência. O Brasil organizou campanhas de vacinação e anúncios de informação pública, e filas se formaram fora dos centros de saúde em grandes cidades como o Rio de Janeiro, onde algumas pessoas ficaram sem vacinas.
Mas os receios de que a doença possa se espalhar de mosquitos da floresta para os mosquitos Aedes aegypti, que prosperam nas grandes cidades, não aconteceu. E como os casos caíram no inverno, em setembro passado, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse que o surto havia acabado.
Em janeiro, a febre amarela voltou - e dessa vez foi mais mortal. De julho de 2017 a 20 de março de 2018, ocorreram 1.098 casos e 340 mortes. E Barros ficou sob fogo.
"Era muito previsível", disse Maurício Nogueira, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia e especialista em doenças infecciosas.
Especialistas apontaram falhas em todos os níveis de governo. As vacinas contra a febre amarela têm sido recomendadas em Minas Gerais há mais de uma década. No entanto, apenas metade da população de 21 milhões de pessoas foi protegida quando o surto começou lá em janeiro de 2017 - ainda menos em algumas das cidades rurais isoladas onde a doença estava concentrada.
No ano passado, o estado registrou 475 casos e 162 mortes. Minas já vacinou cerca de 9 milhões de pessoas, disse Rodrigo Said, subsecretário estadual de vigilância epidemiológica, destacando as dificuldades de alcançar populações rurais dispersas. "É um trabalho muito difícil e oneroso", disse ele.
No entanto, desde dezembro, o estado registrou outros 396 casos e 137 mortes. "Os números falam por si", disse Jessé Alves, especialista em doenças infecciosas do hospital Emilio Ribas, em São Paulo.
Com o vírus chegando mais perto do Rio de Janeiro em março passado, as autoridades disseram que vacinariam 90% dos 16 milhões de pessoas do estado até o final do ano. Vacinou menos de um terço deles. Em 2016, o Rio teve 27 casos e nove mortes, este ano já teve 179 casos e 67 mortes.
Em agosto passado, o estado de São Paulo começou a vacinar “corredores ecológicos”, antecipando a disseminação do vírus. Adotando as diretrizes da OMS para o controle de surtos, o estado também separou doses fracionadas, para fornecer cobertura por pelo menos um ano, em vez de uma década.
"Nós não tiramos o pé do acelerador", disse Regiane de Paula, diretora do centro de vigilância epidemiológica do estado. Metade da população está agora protegida, disse ela.
Mas desde 2017, o estado registrou 345 casos e 125 mortes. E quaisquer que sejam as medidas tomadas pelas autoridades, Nogueira disse, “claramente não foi suficiente”.
Editado e Traduzido
É obrigatório o LINK do Blog AR NEWS
Fonte:
The Guardian
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The Guardian