Trabalhadores da saúde visitaram este mês o bairro de Pirituba, em São Paulo, para vacinar os moradores. Foto de :Dado Galdieri para o New York Times |
SÃO PAULO - Com a esperança de evitar outro surto mortal de febre amarela, o governo brasileiro anunciou na terça-feira que planeja vacinar todo o país contra o vírus transmitido por mosquitos até abril de 2019.
O país, de 208 milhões de habitantes, enfrenta o pior surto de febre amarela em décadas. Neste ano, 300 pessoas, incluindo vários turistas, morreram com o vírus, que atingiu duramente as áreas periféricas das maiores cidades do país, Rio de Janeiro e São Paulo, ameaçando tornar-se a primeira epidemia urbana do país. desde 1942.
“Vamos agir preventivamente em vez de reagir com medidas de emergência como fizemos”, disse o ministro da Saúde, Ricardo Barros, em entrevista coletiva em Brasília, onde anunciou que as autoridades de saúde precisariam vacinar mais 77,5 milhões de pessoas para alcançar a população inteira em abril do próximo ano.
A doença, normalmente encontrada na bacia do rio Amazonas, rompeu seu padrão usual no início de 2016 e começou a se deslocar para o sul e leste em direção às maiores cidades do país, levando à declaração de uma emergência de saúde pública no ano passado.
Alguns brasileiros entraram em pânico e começaram a matar macacos em parques urbanos, acreditando erroneamente que isso diminuiria a disseminação do vírus. Embora os mosquitos transmitam o vírus, os macacos são frequentemente as primeiras vítimas da febre amarela e um forte indicador da presença do vírus.
A febre amarela não chegou aos centros urbanos no ano passado, e quando os casos caíram durante os meses mais frios de inverno, Barros declarou o fim do surto. Apesar disso, ele disse na época que os esforços de vacinação seriam intensificados.
Mas os críticos dizem que as autoridades de saúde não agiram de forma agressiva o suficiente, quando o vírus apareceu perto de São Paulo, a maior cidade do Brasil, neste último surto.
Esforços para vacinar 23 milhões de pessoas neste ano foram prejudicados por falsos rumores sobre a vacina.
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças recentemente elevaram seu nível de alerta para os visitantes do Brasil e pediram aos viajantes que fizessem as vacinas primeiro.
"Não queremos que isso aconteça novamente no próximo ano, e a melhor preparação é a vacinação", disse Adeilson Loureiro Cavalcante, chefe da unidade de prevenção do Ministério da Saúde, em entrevista coletiva.
O vírus mata de 3 a 8% dos infectados, mas a vacina, embora altamente eficaz, não é inofensiva. Cerca de um em 100.000 sofre uma reação perigosa como icterícia ou hepatite e, em casos raros, a vacina já matou os receptores.
Até agora, as autoridades brasileiras tinham decidido que, dado o alcance limitado da febre amarela, não valia a pena o risco de vacinar toda a população.
Fonte: New York Times