Fiocruz
Casos e óbitos por Covid-19
Na última semana epidemiológica (SE 22, de 30 de maio a 5 de junho), foi mantida a tendência de estabilização dos indicadores de incidência e mortalidade no Brasil, conforme antevisto em boletins anteriores. Foram registrados cerca de 62 mil casos e 1,6 mil óbitos diários por Covid-19 no período, o que configura um alto patamar de risco para a pandemia neste momento.
As pequenas oscilações no número de casos nas últimas semanas demonstram a permanência de transmissão do vírus, ao mesmo tempo em que se observa uma ligeira queda no número de óbitos (-1,5% ao dia). Esse contexto continua a produzir fortes pressões sobre todo o sistema de saúde, considerando que milhares dos casos podem apresentar quadros clínicos graves, exigindo internação e cuidados intensivos.
Houve uma redução gradual da taxa de letalidade desde abril, que se encontra atualmente em torno de 2,6%. Esse indicador demonstra problemas na capacidade dos serviços de saúde em realizar diagnóstico – por meio de testes sorológicos e exames clínicos – e tratamento hospitalar adequado e oportuno dos casos graves de Covid-19.
Esse valor da taxa de letalidade ainda está além do adequado para evitar óbitos, o que somente pode ser atingido com o reforço das ações de vigilância em saúde, por meio da triagem de casos graves, seu encaminhamento para serviços de saúde mais complexos, bem como a identificação e aconselhamento de contatos.
Leitos de UTI para Covid-19
Considerando-se dados levantados nos dias 31 de maio e 7 de junho, as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS mantêm-se em relativa estabilidade, em níveis muito elevados. As poucas quedas mais significativas do indicador se deram em Rondônia (de 72% para 62%), Espírito Santo (de 76% para 68%) e Mato Grosso (de 95% para 87%), com os dois primeiros estados se mantendo na zona de alerta intermediário e o último na zona de alerta crítico.
Em contrapartida, se observaram aumentos do indicador mais expressivos em Roraima, que volta à zona de alerta crítico, muito possivelmente pela redução dos leitos de UTI disponíveis – original- mente eram 90, há algumas semanas passaram a 60 e na última semana caíram para 54 – e no Maranhão, que se mantém na zona de alerta crítico, com o indicador saindo de 83% para 90%. Todos os estados das regiões Nordeste, Sul e Centro-Oeste permanecem com taxas iguais ou superiores a 80% e, no Sudeste, a única exceção é o Espírito Santo.
No Norte, o Acre se mantém como único estado fora da zona crítica e Tocantins se soma a Roraima na zona de alerta crítico, refletindo, no entanto, uma piora na dinâmica da pandemia. No Distrito Federal continua chamando a atenção a quantidade de leitos bloqueados, embora a taxa de ocupação esteja elevada.
Doze unidades da Federação encontram-se com taxas de ocupação iguais ou superiores a 90%: Tocantins (94%), Maranhão (90%), Ceará (93%), Rio Grande do Norte (94%), Pernambuco (97%), Alagoas (91%), Sergipe (99%), Paraná (96%), Santa Catarina (97%), Mato Grosso do Sul (107%), Goiás (90%) e Distrito Federal (90%). Nove estados apresentam taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos entre 80% e 89%: Roraima (87%), Piauí (88%), Paraíba (80%),Bahia (84%), Minas Gerais (82%), Rio de Janeiro (81%), São Paulo (82%), Rio Grande do Sul (84%) e Mato Grosso (87%). Cinco estados estão na zona de alerta intermediário (≥60% e <80%): Rondônia (62%), Amazonas (61%), Pará (78%), Amapá (68%) e Espírito Santo (68%). Um está fora da zona de alerta: Acre (41%).
Doze capitais estão com taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 iguais ou superiores a 90%: Palmas (93%), São Luís (97%), Teresina (sem informação direta, mas com número estimado acima de 90%), Fortaleza (95%), Natal (93%), Maceió (90%), Aracaju (98%), Rio de Janeiro (92%), Curitiba (102%), Campo Grande (106%), Goiânia (91%) e Brasília (90%). Cinco capitais estão com taxas superiores a 80% e inferiores a 90%: Boa Vista (87%), Belém (88%), Recife (86%), Salvador (81%) e Florianópolis (88%). Nove capitais estão na zona de alerta intermediário, com taxas iguais ou superiores a 60% e inferiores a 80%: Porto Velho (69%), Manaus (61%), Macapá (69%), João Pessoa (79%), Belo Horizonte (76%), Vitória (77%), São Paulo (79%), Porto Alegre (75%) e Cuiabá (79%). Uma capital está fora da zona de alerta: Rio Branco (41%).
As taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS observadas em 7 de junho apontam para a persistência de quadro grave de sobrecarga no sistema de saúde pela Covid-19. Em face da vacinação dos idosos e maior exposição de adultos jovens tem havido uma mudança no perfil etário de pacientes internados, que talvez venha incorrendo em maiores tempos de permanência hospitalar. Em alguns estados e no Distrito Federal é possível que venha ocorrendo gerencia- mento da disponibilização e bloqueio de leitos de UTI, com a manuten- ção do indicador em patamar elevado. Entretanto, a situação predominante é, indubitavelmente, de descontrole da pandemia.
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