Associated Press (AP) - O Ministério Público Federal investiga possíveis irregularidades em um contrato do Ministério da Saúde para a compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin, fabricada pelo laboratório indiano Bharat Biotech.
O acordo assinado em fevereiro compromete o ministério a pagar US $ 320 milhões - a um custo de US $ 15 por dose de vacina - à Precisa Medicamentos, representante da Bharat Biotech no Brasil, de acordo com um documento enviado à Associated Press pela assessoria de imprensa do procurador-geral.
O preço por dose, que era mais alto do que o de outras vacinas COVID-19, chamou a atenção do Ministério Público, juntamente com funcionários do ministério, aparentemente ignorando um histórico de supostas irregularidades dos associados do Precisa em contratos anteriores com o governo federal.
Precisa disse em comunicado que o preço da vacina acertado com o Ministério da Saúde do Brasil foi o mesmo preço negociado com outros 13 países e que o negócio “seguiu todos os caminhos formais e foi feito de forma transparente”.
A procuradora da República Luciana Loureiro Oliveira afirmou em documento assinado em 16 de junho que há três anos os associados da Precisa, por meio de outra empresa, firmaram contrato com o Ministério da Saúde para a venda de medicamentos que nunca foram entregues.
Oliveira escreveu que o ministério assinou um contrato de compra da vacina Bharat Biotech mesmo não tendo sido aprovada pela agência de saúde do Brasil, a Anvisa, e que outras vacinas já aprovadas estavam no mercado a preços mais baixos.
“O histórico de irregularidades envolvendo os sócios do Precisa e o alto preço pago pelas doses contratadas exigem uma investigação minuciosa em matéria civil e criminal”, escreveu Oliveira.
Francisco Maximiano, um acionista do Precisa, deveria comparecer na terça-feira a uma comissão do Senado que investigava as omissões do governo federal no tratamento da pandemia, mas apresentou uma petição para adiar seu depoimento dizendo que estava em quarentena após chegar da Índia, de acordo com um comunicado de seu advogados.
A Anvisa aprovou a importação da vacina Covaxin com restrições no dia 4 de junho, permitindo a entrada de apenas 4 milhões de doses. Em março, a agência rejeitou um pedido de importação da vacina, alegando preocupação com a falta de documentação e informações sobre sua segurança.