Vacina da Pfizer gera menos anticorpos contra a variante delta da Índia
O nível de anticorpos no sangue capazes de neutralizar a variante indiana do coronavírus (B.1.617.2) é inferior ao de anticorpos eficazes contra outras variantes em pessoas que receberam a vacina Pfizer, segundo pesquisa publicada nesta quinta-feira no jornal "The Lancet".
Cientistas do Instituto Francis Crick e do Instituto Nacional de Pesquisa Médica (NIHR), ambos britânicos, descobriram que a quantidade desses anticorpos diminui com a idade e também com o passar do tempo.
Suas conclusões sugerem que o nível de anticorpos capazes de neutralizar a variante B.1.617.2 é mais de cinco vezes menor do que a variante original do coronavírus, na qual as vacinas atuais são projetadas, em pessoas com o regime Pfizer completo.
Os autores do trabalho sublinham em uma declaração do Instituto Francis Crick que esses resultados fornecem "evidências adicionais que apóiam os planos de inocular uma vacina de reforço para pessoas vulneráveis no outono".
Eles também destacam que com uma única dose da preparação Pfizer é "menos provável" que tantos anticorpos eficazes sejam desenvolvidos contra a variante Delta (indiana) quanto contra a variante Alfa (britânica), até agora predominante no Reino Unido.
Por isso, defendem a necessidade de encurtar o período entre a primeira e a segunda dose da preparação, que no Reino Unido são injetadas com um intervalo de doze semanas.
Os pesquisadores estudaram amostras de sangue de 250 indivíduos saudáveis vacinados com a Pfizer e testaram a capacidade de seus anticorpos de neutralizar várias variantes.
Os níveis de anticorpos eficazes contra a versão Delta do vírus diminuem mesmo com duas doses da preparação, mas o fazem especialmente com uma única dose.
Após a primeira injeção, 79% das pessoas apresentam níveis significativos de anticorpos capazes de neutralizar o vírus original descoberto em Wuhan (China).
Esta percentagem é reduzida para 50% com a variante britânica (B.1.1.7), 32% com a indiana (B.1.617.2) e 25% com a sul-africana (B.1.351).
Os níveis diminuem com a idade em relação a todas as variantes, mas não há diferenças significativas em termos de sexo ou índice de massa corporal.
"O mais importante é garantir que a proteção da vacina permaneça alta o suficiente para manter o maior número possível de pessoas fora dos hospitais", disse a pesquisadora Emma Wall.
"Nossa pesquisa sugere que a melhor maneira de conseguir isso é inocular rapidamente segundas doses e oferecer doses de reforço para aqueles cuja imunidade pode não ser forte o suficiente contra essas novas variantes", acrescentou.
O governo britânico informou hoje que a variante indiana já é a predominante no Reino Unido, após um aumento de 79% nos casos detectados desde a semana passada.