Boletim Alagoas : Ocupação dos leitos para Covid-19 e SRAG em Alagoas
Estabilidade percentual ilusória |
TOTAL DE LEITOS ofertados em Alagoas 19/06/2022 >> 105 | Ocupados - 29 -> 28%
TOTAL DE LEITOS ofertados em Alagoas 21/06/2022 >> 140 | Ocupados - 42 -> 30%
Quando olhamos inicialmente, a primeira impressão que teríamos seria deduzir que entre o boletim de ocupação do dia 19 de junho de 2022, e o último liberado em 21 de junho de 2022, é que o percentual de pacientes fazendo uso dos leitos no estado , somente aumentou em 2% . Muito pouco , o que iria gerar uma certa tranquilidade .... mas não é bem assim !!
Primeiro :
Se existiam 29 pacientes internados no dia 19/06, e no dia 21/06 o número passou a ser de 42 , portanto foram acrescidos mais 13 pacientes no sistema hospitalar, o que corresponde a um aumento de 44.82% em ocupação real entre o dia 19/06/2022 e 21/06/2022
Segundo
O Governo de Alagoas entre 19 e 21 de junho aumentou em 33,33% os leitos para covid neste período, passando de 105 para os atuais 140 .
Se o governo não tivesse aumentado o número de leitos de 105 em 19 de junho de 2022, para 140 em 21 de junho de 2022 , o resultado que iríamos encontrar, tomando por base somente os 105 leitos que estavam disponíveis em 19 de junho , seria de 40% na ocupação dos leitos em 21 de junho , não o apresentado de 30%.
105 leitos disponíveis em 19 de junho de 2022 ( clique aqui ,imagem maior) |
Dessa maneira , ofertando cada vez mais vagas, na mesma proporção que surgem casos de internamento por covid-19 , o índice percentual de ocupação vai ilusoriamente se mantendo teoricamente em estabilidade , ou mesmo com tendência a diminuir .
Não há nada que impeça o Governo ofertar cada vez mais leitos para o tratamento dos pacientes acometidos nessa pandemia , sendo excelente a iniciativa , mas seria também interessante esclarecer os dados para a população , evitando assim uma pseudoimpressão para a maioria , de normalidade pandêmica .
140 leitos disponíveis para covid , em 21 de junho de 2022 ( clique aqui , imagem maior) |
Terceiro
Na postagem de 21 de junho, escrevi :
Aguardar os óbitos aumentarem para só assim entrar em ação , é perder as oportunidades necessárias para as decisões adicionais , que visariam a contenção da disseminação do patógeno . Portanto, ter como guia os óbitos , não seria a melhor escolha , sendo os já citados marcadores precoces da presença e gravidade do vírus no território mapeado ( aumento de casos diários, positividade nos testes de RT-PCR e as solicitações por novos leitos) o norte que evidencia a presença dos vírus respiratórios circulantes que podem levar a um quadro mais grave chamado de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave ), dentre eles, o covid , os reais sinais de alerta que algo tem que ser feito urgentemente ! .
Volto aqui :
Como observado, novos leitos foram necessários para hospitalização de 13 pacientes entre 19 e 21 de junho , o que denota um crescimento real 44,82% no período ,o que já foi explicado anteriormente .
Conforme os parâmetros preconizados cientificamente (os marcadores precoces) , continuam sendo , os melhores sinais para avaliar a intensidade da circulação viral em um determinado território .
A meu ver ,já passou da hora dos gestores da saúde repensarem o que está porvir em relação a circulação do coronavírus e suas consequências , durante e após os festejos juninos .
Conclusão
Havendo a lógica de sempre disponibilizar (aumentar) a mesma quantidade de leitos , utilizando proporcionalmente o mesmo percentual de crescimento de internamentos por casos de covid-19 , haverá sempre uma ilusão de normalidade , quando na verdade o caminho para o "caos" já foi instalado !!!
Não há críticas em relação a essa forma de condução, acho até correta, mas é preciso esclarecer que os casos estão aumentando, não estão estabilizados ,que a pandemia é real ,que é necessário manter as medidas de proteção não farmacológicas contra o covid, estimulando a vacinação com propagandas que engajem e cheguem mais perto de nosso povo, por meio de uma abordagem mais clara , compatível com a maior parte da população que não domina os termos técnicos que são descritos nas estatísticas epidemiológicas
Por hoje é só!
Maceió, 22 de junho de 2022
Mário Augusto