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Depois de passar três anos como intérprete de língua de sinais altamente visível do presidente brasileiro, Fabiano Guimarães está entrando na política EVARISTO SA AFP |
Poucas pessoas sabem seu nome, mas como o sempre presente intérprete de linguagem de sinais do presidente Jair Bolsonaro, Fabiano Guimarães é um rosto familiar para milhões de brasileiros – fama que ele agora espera que o ajude a conquistar uma cadeira no Congresso.
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Depois de três anos ao lado de Bolsonaro, colocando as palavras do presidente em linguagem brasileira de sinais, Guimarães está entrando na política, concorrendo às eleições de outubro para representar Brasília na Câmara como membro do partido Republicanos, aliado de Bolsonaro.
Guimarães, 42, que não é surdo, começou a aprender a língua de sinais aos 18, quando um pastor da igreja evangélica que frequentava na zona norte do Rio de Janeiro pagou para ele fazer um curso.
Ele descobriu que tinha um talento especial para "libras", como a língua de sinais é conhecida no Brasil, e começou a servir como intérprete para os participantes surdos da igreja.
Mas isso não foi nada comparado ao que ele chama de "desafio técnico" de interpretar para o presidente de extrema direita, cujo molho linguístico de marca registrada é pesado no estilo folclórico, diatribes anti-establishment e obscenidades ocasionais.
'Você pode falar?'
Guimarães às vezes se tornou viral nas redes sociais por suas gesticulações rápidas ao lado de Bolsonaro, especialmente durante os vídeos semanais ao vivo no Facebook, onde o presidente, que se candidata à reeleição em outubro, fala diretamente à sua base.
Em uma delas, Guimarães gesticula efusivamente com um rosto exasperado que espelha o de Bolsonaro enquanto o presidente solta uma torrente de palavrões direcionados a seus críticos.
Em outra, sussurra discretamente o nome do ministro da Agricultura, Marcos Montes, quando Bolsonaro o esquece.
"Você pode falar?" Bolsonaro pergunta, surpreso.
"Eu posso falar!" ele responde, e ambos caem na gargalhada.
"Aparecer ao lado do presidente me colocou no centro das atenções", disse à AFP Guimarães, um homem baixinho com calvície e rosto animado, em entrevista em sua casa em Brasília, onde uma xícara com a imagem de Bolsonaro é exibida com orgulho junto com uma placa de madeira esculpida onde se lê "Jesus".
"Sou apenas uma pessoa comum que chegou onde estou porque Deus me trouxe aqui, o que é improvável", diz ele.
'Serviço Democrático'
Bolsonaro tem destacado intérpretes em suas aparições públicas desde o primeiro dia.
Em sua posse presidencial em 2019, sua esposa, Michelle, que é fluente em linguagem de sinais, fez um discurso.
Guimarães, um professor de português e espanhol por formação, se juntou à equipe de língua de sinais do presidente no final daquele ano, depois de prestar o exame oficial para o que ele achava que seria um trabalho de intérprete no Ministério da Educação.
Em vez disso, ele foi designado para o palácio presidencial.
Ele diz que o trabalho para ele é um "serviço democrático".
"Trago a comunidade surda para o debate político nacional", acrescenta.
"Ter um intérprete ao lado do presidente, as duas línguas (fala e língua de sinais) tratadas com igual importância, deu uma visibilidade tremenda à comunidade surda no Brasil" -- cerca de 10 milhões de pessoas neste país de 213 milhões.
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🖥️ FONTES :
Guimarães é um grande fã de Bolsonaro e seu estilo de comunicação.
O presidente “usa uma linguagem informal, coloquial, mas cheia de conteúdo”, diz.
"Ele fala com o povo brasileiro. Ele o traz para o debate político. Minha sogra, que deixou a escola depois da quarta série, sempre dizia: 'O único político que eu consigo entender é o Bolsonaro'."
Ele também admira a primeira-dama, uma colega cristã evangélica que desempenhou um papel fundamental em incentivá-lo a concorrer ao Congresso.
Guimarães está fazendo campanha em uma plataforma de inclusão social e defesa dos valores familiares.
Ele diz que abraça tanto os lemas de Bolsonaro de "Deus, nação, família e liberdade" quanto o apoio da primeira-dama de "sensibilidade e inclusão".
"Quero fazer a conexão entre essas duas agendas", diz ele.
Ele não se preocupa que poucas pessoas saibam seu nome.
"Muitas vezes as pessoas perguntam: 'Quem é Fabiano?'"
Assim, ele aparecerá na votação em 2 de outubro como “Fabiano, o intérprete de Bolsonaro” – uma prática permitida pela lei eleitoral brasileira.
"É fantástico poder me chamar assim", diz ele.
📙 GLOSSÁRIO:
Com Agências
AFP
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