Parece que a polêmica com transações acompanha Lula há mais de 28 anos , como também as frases memoráveis proferidas sempre que se encontra em situações desconfortáveis , principalmente as ligadas a dinheiro e compras de bens .
"Ficaria minha palavra contra a do acusador", afirmou Lula, ressaltando que o único caminho é o da Justiça
Lula não divulgou documentos sobre como pagou o imóvel e disse em 1994 : "O ônus da prova cabe ao acusador"
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PT SOB SUSPEITA
Omega de petista foi vendido ao 2º maior doador de campanha em 94; partido apresentou outra versão
Financiador do PT comprou carro de Lula
BERNARDINO FURTADO
da Reportagem Local
VERA MAGALHÃES
da Redação
Oficialmente, o candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não vendeu o Omega CD de sua propriedade para o empresário Roberto Teixeira, como afirmou na quinta-feira a direção do PT em nota do partido.
Na realidade, a venda do carro, por R$ 40 mil, segundo Lula, foi feita para a segunda maior doadora da campanha do petista, a empresa Baralt Comércio de Veículos Ltda., que contribuiu com R$ 154.500 em 94, atrás apenas do Banco Itaú.
De acordo com documentos obtidos pela Folha, o carro, de placa BOT-5353, foi vendido por Lula para a Baralt, uma revendedora de automóveis de São Bernardo.
Na nota divulgada quinta, o PT sustentou que o Omega foi vendido para Roberto Teixeira, compadre do candidato, o que, oficialmente, não é verdade.
O negócio entre Lula e Teixeira, segundo o PT, justificaria o aparecimento de um cheque de R$ 10 mil na conta do petista em julho de 95, mesmo mês em que o candidato comprou um apartamento em São Bernardo do Campo.
A compra do apartamento de Lula foi colocada sob suspeita nesta semana. O petista não divulga documentos sobre como pagou o imóvel. "O ônus da prova cabe ao acusador", declarou em Recife ontem.
O cheque de R$ 10 mil que entrou na conta de Lula -no mesmo mês em que o petista pagou também R$ 10 mil como parcela do apartamento- pertencia a Sergio Lorenzoni, irmão de Dalmiro Lorenzoni, que teria dívidas com Roberto Teixeira.
Conforme os documentos obtidos pela Folha, foi a Baralt, e não Roberto Teixeira, quem comprou o Omega de Lula.
A transferência do Omega, ano 95 e modelo 95, de cor bege, foi registrada em 30 de janeiro de 96. A nota do PT afirmou que Lula vendeu o carro em 95.
Lula se tornou proprietário oficial do carro em 17 de abril de 95 e, apesar de morar em São Bernardo do Campo, emplacou o carro no município de São Paulo. Só depois de vendido para a Baralt o carro ganhou placa de São Bernardo.
A Baralt fechou as portas em 97. Foi descredenciada pela montadora General Motors após denúncias de irregularidades na emissão de notas fiscais.
Em circunstâncias ainda não esclarecidas, o carro foi registrado novamente no nome de Lula, em 17 de setembro de 96. Na mesma data, o carro foi vendido para a empresa Express Factoring Serviços e Participações Ltda., sediada em Ribeirão Preto (319 km de São Paulo).
O endereço que consta no cadastro de veículos do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) como sendo da Express não foi encontrado pela Folha em Ribeirão.
O número 1.708 não existe na avenida Independência, na zona sul da cidade. De acordo com comerciantes estabelecidos na avenida, nenhuma empresa com esse nome apareceu no local há pelo menos cinco anos.
A Express vendeu o carro para Jannet Neme Avila Correia, moradora de Ribeirão, que, oficialmente, é a atual dona do Omega.
Lula tentou ontem encerrar o caso envolvendo operações financeiras relacionadas à compra de seu novo apartamento em São Bernardo. "O caminho mais fácil e justo é o da Justiça. Eu vou cuidar da campanha", afirmou em Recife.
O candidato, porém, não conseguiu responder sobre o motivo de não apresentar documentos sobre o caso para, assim, encerrá-lo. "Ficaria minha palavra contra a do acusador", afirmou Lula, ressaltando que o único caminho é o da Justiça.
Lula confirmou que irá à Justiça contra a Rede Bandeirantes, que veiculou reportagem sobre transações que culminaram com a compra do apartamento. Disse que seus advogados e o PT já estão cuidando do caso, mas, mais uma vez, insinuou que há interesse do governo na polêmica. "É uma acusação para fazer o jogo dos adversários, e o tempo vai mostrar o que é", declarou.
Colaborou Carlos Eduardo Alves, enviado especial a Recife, e a Folha Ribeirão.
Com Agências
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