Imprensa portuguesa descobriu que o ex-premiê tem participado de debates e atividades partidárias ligadas à pré-campanha de Lula, de quem era próximo(O Antagonista 08/06/2022)
Réu em Portugal, José Sócrates reforça campanha de Lula |
- Ou seja: a empreiteira-telefônica que comprou a empresa do Ronaldinho de Lula é investigada por ter corrompido políticos portugueses com a ajuda de Zé Dirceu…
- o pedido de prisão do ex-presidente Lula pela Justiça lusitana no processo de fusão da OI com a Portugal Telecom, do qual foi preso o ex-primeiro-ministro português, José Sócrates, envolvido na trama.
Você já leu por aí:
O Ministério Público Federal desarquivou uma investigação que apura suposto envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no esquema do mensalão.
A investigação teve início na Procuradoria da República do Distrito Federal, com base na acusação feita pelo empresário Marcos Valério de que Lula negociou com a empresa Portugal Telecom o repasse de recursos para o PT para a quitação de dívidas de campanha.
De acordo com Valério, operador do mensalão, Lula combinou com Miguel Horta, então presidente da Portugal Telecom, a transferência de 7 milhões de reais para o PT. O dinheiro, segundo o depoimento, teria chegado ao Brasil por contas de publicitários que prestaram serviço para campanhas petistas. O depoimento foi prestado por Marcos Valério em 2012 como uma tentativa de fechar acordo de delação premiada, após a condenação no mensalão.
Enquanto tentava negociar um acordo com a Justiça para atenuar uma condenação, Marcos Valério contou, em 2012, que presenciou uma negociação ocorrida em 2005 entre o ex-presidente Lula da Silva e Miguel Horta Costa, presidente da Portugal Telecom à época, e na qual eles terão acertado o pagamento de um suborno para o Partido dos Trabalhadores .
Segundo Marcos Valério, o montante acertado foi de 7 milhões de dólares (5,9 milhões de euros) e o dinheiro teria sido transferido para o PT por uma fornecedora da Portugal Telecom em Macau através de contas fora do Brasil.
Uma investigação sobre o caso foi aberta em 2013. No entanto, acabou por ser arquivada em 2015 a pedido da própria Procuradoria da República brasileira, porque esta entendeu que não era possível comprovar a transferência do dinheiro.
🔵Para as últimas manchetes, siga nosso canal do Google Notícias on-line ou pelo aplicativo. 📰 aqui
Agora vou te explicar o imbróglio:
No início de setembro de 2015, o semanário Sol, português revelou que na casa de Luís Oliveira Silva, sócio e irmão de José Dirceu, o antigo homem forte de Lula da Silva, a Polícia Federal apreendeu um documento com uma anotação sobre a “Portugal Telecom”.
Foi neste contexto que o ex-Presidente da República Mário Soares foi sondado pela PT, para ajudar a criar pontes com o Presidente Lula. E é Soares que aconselha Granadeiro a procurar o escritório de advocacia Fernando Lima, João Abrantes Serra e José Pedro Fernandes, a LSF & Associados.
O presidente executivo da Portugal Telecom era Henrique Granadeiro.
O escritório de advocacia é sócio no Brasil de José Dirceu, o líder petista conhecido como facilitador de negócios, a quem a LSF chegara anos antes por via de José Pedro Fernandes. Mas será Abrantes Serra a apresentar Dirceu a Nuno Vasconcelos e a Rafael Mora, da Ongoing (e a Miguel Relvas). Dirceu, que surgiu nos epicentros dos grandes escândalos que rebentaram no Brasil (“mensalão”, Lava-Jato e “petrolão”), é classificado pela Polícia Federal como o “chefe da quadrilha”
Agora mais…
A Andrade Gutierrez foi a empreiteira que comprou por 4 milhões de reais a empresa de Lulinha, em 2005. Via Sergio Andrade, Lulinha vendeu à Telemar, do mesmo Sérgio, seu negócio de Ronaldinho. O MPF inocentou Lulinha.
A Telemar ficou tão grande que virou a Oi. Que no ano passado teve um rombo de RS$ 54 bilhões…
Mas agora a bomba explode em Portugal: a telefonia brasileira, via construtora Andrade Gutierrez, molhou a mão de políticos portugueses, como até o presidente Mario Soares, num gigantesco esquema de corrupção.
Vejam esse trecho que saiu na mídia portuguesa:
“As investigações que hoje decorrem no Brasil e em Portugal, de modo autónomo, mas com canais abertos, já deixam levantar a ponta do véu sobre possíveis pagamentos de várias dezenas de milhões de euros ao universo restrito do ex-Presidente da República Lula da Silva, bem como a ex-governantes e gestores brasileiros e portugueses. Movimentos financeiros que as autoridades suspeitam poderem ter saído de veículos internacionais ligados aos accionistas da Oi, encabeçados pela construtora Andrade Gutierrez, através de territórios como Angola (onde opera também via Zagope) e Venezuela…
…O presidente da Andrade Gutierrez é réu no processo Lava-Jato, sendo-lhe atribuídos os crimes de corrupção, de lavagem de dinheiro e de organização criminosa. Otávio Azevedo é considerado a cabeça da engrenagem que possibilitou o acordo entre a PT e a Oi em Julho de 2010. Um negócio que necessitou de múltiplas autorizações políticas dos dois lados do Atlântico e que começou a ser preparado no final de 2007 como resposta à intenção firme da Telefónica de adquirir os 50% da brasileira Vivo que estavam nas mãos da PT e que era o motor de crescimento da empresa portuguesa”.
Ou seja: a empreiteira-telefônica que comprou a empresa do Ronaldinho de Lula é investigada por ter corrompido políticos portugueses com a ajuda de Zé Dirceu…
Claudio Tognolli
10 de agosto de 2017
Continue a leitura após o anúncio:
A prisão nesta segunda-feira do operador financeiro Raul Schmidt, em um apartamento de luxo em Lisboa, é apenas mais um capítulo do apoio das autoridades portuguesas à Operação Lava Jato.
Desde o ano passado, as investigações brasileiras contam com a colaboração oficial do país europeu – uma parceria que envolve a Operação Marquês, responsável por levar à prisão, no final de 2014, o ex-premiê de Portugal José Sócrates.
A cooperação entre os dois países começou em julho de 2015, quando autoridades brasileiras enviaram uma carta rogatória (instrumento jurídico de cooperação bilateral) solicitando o auxílio de Portugal à Lava Jato.
Como a investigação brasileira era muito semelhante à Operação Marquês – com foco na corrupção em alto escalão – e alguns dos investigados aparecem em ambas, o caminho natural foi o estreitamento da conexão entre os dois lados do Atlântico.
Na época do início da colaboração, a Operação Marquês já havia começado a investigar possíveis laços de Sócrates com a construtora Odebrecht. As suspeitas foram levantadas depois de o Ministério Público português descobrir que a empresa custeou uma viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Lisboa, em outubro de 2013, na qual ele participou do lançamento do livro A Confiança no Mundo, de autoria do ex-premiê.
Investigação brasileira é semelhante à Operação Marquês – com o foco na corrupção em alto escalão |
Como operação que levou ex-premiê de Portugal à prisão está ajudando a Lava Jato
A prisão nesta segunda-feira do operador financeiro Raul Schmidt, em um apartamento de luxo em Lisboa, é apenas mais um capítulo do apoio das autoridades portuguesas à Operação Lava Jato.
Desde o ano passado, as investigações brasileiras contam com a colaboração oficial do país europeu – uma parceria que envolve a Operação Marquês, responsável por levar à prisão, no final de 2014, o ex-premiê de Portugal José Sócrates.
A cooperação entre os dois países começou em julho de 2015, quando autoridades brasileiras enviaram uma carta rogatória (instrumento jurídico de cooperação bilateral) solicitando o auxílio de Portugal à Lava Jato.
Como a investigação brasileira era muito semelhante à Operação Marquês – com foco na corrupção em alto escalão – e alguns dos investigados aparecem em ambas, o caminho natural foi o estreitamento da conexão entre os dois lados do Atlântico.
Na época do início da colaboração, a Operação Marquês já havia começado a investigar possíveis laços de Sócrates com a construtora Odebrecht. As suspeitas foram levantadas depois de o Ministério Público português descobrir que a empresa custeou uma viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Lisboa, em outubro de 2013, na qual ele participou do lançamento do livro A Confiança no Mundo, de autoria do ex-premiê.
Vídeo: José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, ex-primeiro-ministro de Portugal, considera que a prisão de Lula "foi um ato de “violência política”. Sócrates diz que as autoridades brasileiras não respeitaram a presunção de inocência.
Mamede Filho
De Lisboa para a BBC Brasil
21 março 2016
📙 GLOSSÁRIO:
Com Agências
O AR NEWS publica artigos de várias fontes externas que expressam uma ampla gama de pontos de vista. As posições tomadas nestes artigos não são necessariamente as do AR NEWS NOTÍCIAS.
Continue a leitura no site após o anúncio: