Construção da Catedral Metropolitana marcou a entrada de Alagoas na era imperial
Arquidiocese de Maceió - Catedral Metropolitana de Maceió |
A Catedral Metropolitana de Maceió, localizada no centro histórico da capital alagoana, é um dos mais importantes exemplares da arquitetura religiosa brasileira do século XIX. Sua construção foi iniciada em 1839 durante o Segundo Reinado e sua inauguração ocorreu em 31 de dezembro de 1859, em solenidade que contou com a presença do imperador Dom Pedro II e da imperatriz Dona Teresa Cristina.
A catedral foi erguida no mesmo local onde anteriormente existia uma modestaIgreja Matriz, construída em taipa de pilão por volta de 1766. Com o crescimento de Maceió e sua elevação à categoria de cidade em 1839, tornou-se necessária a construção de um templo maior e monumental para sediar a Diocese.
As obras se arrastaram por mais de duas décadas sob a supervisão do engenheiro militar Napion. O longo período de construção se deveu principalmente às dificuldades em obtener materiais como pedra e cal na província de Alagoas.
A pedra utilizada foi extraída de uma pedreira localizada no bairro do Farol, distante cerca de 4 quilômetros do centro da cidade. Já a cal veio de fornos situados ao sul de Maceió, no atual município de Marechal Deodoro. Segundo relatos da época, o transporte do material era lento e complicado, feito em carroças puxadas por bois ou burros.
Ironicamente, apesar da demora para reunir suprimentos básicos, a construção contou com materiais nobres e dispendiosos para a época, como vitrais e louça de procedência europeia para revestir o altar. As 16 grandes janelas de vitral que ornamentam a nave são provenientes de oficinas francesas de Lyon e Renaison.
O resultado final foi uma catedral imponente em estilo neoclássico, com elementos que remetem também à arquitetura neogótica então em voga na Europa. Sua fachada é dominada por duas altas torres com cerca de 50 metros de altura cada uma. Entre as torres, há uma rosácea rodeada por vitrais que compõem um belo jogo de luz no interior do templo.
O interior é dominado pela ampla nave, com teto abobadado decorado com caixotões policromados. Há ainda diversas pinturas murais e oito grandes candelabros de bronze que contribuem para a monumentalidade do ambiente. Nos fundos, atrás do altar-mor de mármore branco, a abside se destaca pela meia cúpula decorada com afrescos de anjos e querubins.
Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina inauguraram em 1859 a Catedral de Maceió
A solene cerimônia de inauguração em 31 de dezembro de 1859 contou com honras especiais à presença do imperador e da imperatriz. Dom Pedro II ficou hospedado no Sobrado Rosa, tradicional mansão no centro de Maceió que ainda hoje é um marco histórico da cidade.
Os principais trechos do trajeto percorrido pelo cortejo imperial desde o cais do porto até a nova catedral foram ornamentados com arcos de bambu e flores. Milhares de pessoas acompanharam a comitiva pelo circuito, que partiu da Praça D. Pedro II, atual Praça Sinimbu, percorreu a Rua do Comércio, Rua Grande (atual Rua do Livramento) e finalmente a Rua da Matriz até a Catedral.
Dentro do templo, o imponente órgão de tubos foi tocado pela primeira vez para saudar a entrada dos imperadores. Após a cerimônia religiosa, foram servidos refrescos no Paço Episcopal, antiga residência anexa à igreja que hoje abriga um museu de Arte Sacra.
Nas décadas seguintes, a Catedral Metropolitana consolidou-se como o principal templo da cidade e ponto focal da vida religiosa dos alagoanos. Foram realizadas ali importantes celebrações como a sagração do primeiro bispo de Alagoas em 1910 e a Semana Santa, que atraía grandes multidões.
Durante a II Guerra Mundial, em 1942, sinos da catedral foram fundidos e transformados em material bélico para atender ao esforço de guerra do Brasil. Novos sinos foram instalados apenas em 1972 como parte das reformas para o centenário do templo. Nessa ocasião, o mármore do altar-mor foi substituído por granito e foram feitas adaptações no interior seguindo o padrão reformista do Concílio Vaticano II.
Em 1973, a Catedral Metropolitana de Maceió foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), passando a receber proteção federal como patrimônio cultural brasileiro. Nos anos 2000, uma nova campanha de restauro promoveu a recuperação das pinturas do teto e melhorias na iluminação interna.
Atualmente a catedral atende à Arquidiocese de Maceió, que conta com cerca de 1,6 milhão de fiéis. Além de sede thiscopal e paróquia, também recebe cerimônias cívico-militares e apresentações musicais devido à excelente acústica propiciada por suas paredes de pedra nua. Trata-se do principal templo em atividade na capital alagoana e um dos mais visitados pontos turísticos de Maceió.
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Imponência neoclássica: a história da Catedral Metropolitana de Maceió
Vitrais franceses e mármores do Império: os segredos da Catedral de Maceió
Sua localização privilegiada, no cruzamento das ruas do Livramento e Cônego Fernando Lyra, bem em frente à tradicional Praça Dom Pedro II, faz da catedral um marco visual do centro histórico da cidade. Sua imponência arquitetônica e simbolismo religioso fazem dela um patrimônio inestimável para o povo alagoano.
A construção do templo ao longo de duas décadas com materiais trazidos de diversos pontos da província é representativa dos desafios enfrentados pelo Brasil na era imperial para erguer grandes obras de arquitetura. Além disso, a catedral é exemplar da transição do estilo colonial simples para uma arquitetura sólida e monumental inspirada na Europa.
Sua inauguração festiva com a presença do imperador reforçou a relevância de Maceió como capital da província e incentivou melhorias urbanas que transformaram a antiga povoação colonial em uma cidade moderna, tanto do ponto de vista estético quanto cultural e econômico. A catedral era o símbolo máximo desse progresso.
Em termos artísticos, a Catedral Metropolitana apresenta o finemente elaborado estilo neoclássico, influenciado pelo clássico grego e romano, em voga na Europa durante o século XIX. Mas seu interior já revela uma decoração mais exuberante, com afrescos, vitrais coloridos e douramentos anunciando o ecletismo e o romantismo do final do Império.
Catedral Metropolitana: testemunha de mais de 150 anos da história alagoana
A técnica dos vitrais provavelmente foi introduzida no Brasil a partir desse exemplar pioneiro de Maceió encomendado de oficinas francesas especializadas. O mesmo ocorreu com o estilo neogótico, mais perceptível nos pináculos das torres, que viria a se popularizar na arquitetura religiosa brasileira anos depois.
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Assim, a Catedral Metropolitana não apenas representa a transição de Alagoas do período colonial à modernidade oitocentista, como também marca a transição da arquitetura brasileira entre o neoclassicismo schuhmanniano e o ecletismo romântico que floresceu após a década de 1860 com Dom Pedro II.
Por todas essas particularidades históricas, arquitetônicas e artísticas, não resta dúvida que se trata de um patrimônio cultural brasileiro de excepcional importância. A catedral é um monumento vivo, ainda muito atuante na comunidade local e que atravessa gerações como parte essencial da memória e da fé católica alagoana.
Passado e presente entrelaçados na centenária Catedral Metropolitana de Maceió
Nenhuma outra edificação resume, como a Catedral Metropolitana de Maceió, a evolução da pujante província de Alagoas rumo à modernidade oitocentista. Seu imponente porte cravado no coração do centro histórico permanece lembrando aos alagoanos de onde vieram e o quão longe já conseguiram progredir.
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