Alerta Global: O Agravamento das Ondas de Calor Ameaça o Sistema Alimentar Mundial, Advertem Cientistas
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| Arrozal de ampla área em Bogor, West Java, Indonésia. paisagem indonésia. Campo de arroz e fazendeiro.De Arief Good |
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Por Kenny Stancil
redator da Common Dreams.
Sob o Calor Crescente: Cientistas Alertam para Risco Iminente ao Sistema Alimentar Global
"Existem riscos crescentes de grandes perdas simultâneas de safras em diferentes regiões do mundo", disse um cientista. "Não é isso que estamos vendo agora, mas nas próximas décadas é uma das coisas que realmente me assusta."
Cientistas do clima alertaram na sexta-feira que o agravamento das ondas de calor atmosféricas e marinhas ameaçam a segurança alimentar em todo o mundo.
Grandes áreas do Hemisfério Norte foram atingidas nas últimas semanas por ondas de calor em série exacerbadas pela crise climática causada por combustíveis fósseis. O mês passado foi o junho mais quente já registrado, e julho – que teve o dia e a semana mais quentes da história moderna – deve superar todos os recordes mensais anteriores. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas deixou claro que as ondas de calor aumentarão em frequência, duração e intensidade com cada grau adicional de aumento de temperatura.
Embora o calor extremo tenha sido reconhecido há muito tempo como um risco letal à saúde que ataca os padrões preexistentes de desigualdade e vulnerabilidade, os especialistas estão tentando alertar o público sobre outra dimensão mortal da emergência climática: as altas temperaturas põem em risco a estabilidade das terras agrícolas do mundo e de seus oceanos, colocando potencialmente bilhões de pessoas em maior risco de fome e conflito.
“Nosso sistema alimentar é global”, disse John Marsham, professor de ciência atmosférica da Universidade de Leeds, na Inglaterra, ao The Guardian. “Existem riscos crescentes de grandes perdas simultâneas de safras em diferentes regiões do mundo, o que realmente afetará a disponibilidade e os preços dos alimentos. Não é isso que estamos vendo agora, mas nas próximas décadas é uma das coisas que realmente me assustam”.
"Como ser humano, se você for rico o suficiente, pode entrar e ligar o ar-condicionado", disse Marsham. "Mas os ecossistemas naturais e os ecossistemas cultivados não podem fazer isso."
O calor extremo e as secas já estão tendo um impacto perceptivelmente negativo na produção de alimentos. Em 2022, as ondas de calor que mataram mais de 61.000 pessoas na Europa também reduziram a produção agrícola do continente, acelerando uma tendência de décadas . Também no ano passado, uma seca histórica na China resultou em perdas de safras, enquanto uma onda de calor na Índia prejudicou as exportações de trigo. Além disso, a fome está se aproximando no Chifre da África devido, em grande parte, a uma seca intensificada pelo clima.
Essas catástrofes – combinadas com a guerra da Rússia contra a Ucrânia, que danificou um dos principais celeiros do mundo – contribuíram para um aumento da fome global que já dura anos.
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Como resultado da poluição não mitigada de gases de efeito estufa, as ondas de calor devem se tornar cada vez mais comuns, mais duradouras e mais severas nos próximos anos, proporcionando ainda menos tempo para a recuperação entre os eventos e levando a danos cumulativos maiores .
"As pessoas geralmente estão isoladas dos efeitos do clima do qual todos nós dependemos. Vamos às lojas para comprar comida - não a cultivamos nós mesmos", continuou Marsham. "Mas se você conversar com agricultores em qualquer lugar do mundo, eles estão extremamente cientes do que está acontecendo com o clima e dos impactos em sua agricultura."
Enquanto isso, como as emissões de dióxido de carbono e metano continuam a impulsionar o aquecimento global, os oceanos absorvem cerca de 90 % do excesso de calor preso na atmosfera do planeta. Isso está acelerando o aquecimento dos oceanos em um ritmo feroz, especialmente em 2023, assustando os especialistas da área.
As temperaturas oceânicas mais altas não apenas colocam milhões de pessoas em risco de aumento acelerado do nível do mar e climas extremos turbinados, mas também perturbam os ecossistemas marinhos que fornecem um quinto das proteínas do mundo. Apenas dois anos atrás, uma onda de calor na Colúmbia Britânica matou mais de 1 bilhão de animais entremarés.
Daniela Schmidt, professora de ciências da terra na Universidade de Bristol, na Inglaterra, disse ao The Guardian na sexta-feira: "Muitas vezes pensamos sobre os impactos nos ecossistemas terrestres porque é fácil ver - as plantas murcham e os animais ficam muito quentes.
Como observou o jornal:
Alguns dos ecossistemas mais vulneráveis são aqueles acostumados a ter uma temperatura estável o ano todo, como as espécies dos oceanos tropicais. Espera-se que o aquecimento de 2°C essencialmente acabe com os recifes de corais tropicais. Eles têm a maior biodiversidade de qualquer ecossistema global e sustentam mais de 500 milhões de pessoas em todo o mundo, a maioria das quais em países pobres.
"Tenho filhos pequenos", disse Marsham. "Sempre que você assiste Procurando Nemo ou lê um livro sobre recifes de coral, não pode deixar de sentir que, em algum nível, está vendendo uma mentira. A menos que ajamos rápido, esses sistemas vão desaparecer. Algumas pessoas podem não se importar com os recifes de coral, mas não há parte do globo que esteja imune aos impactos das mudanças climáticas."
Schmidt acrescentou: "Nem tudo precisa ter um valor financeiro. Você precisa de plantas para cada respiração. É o oxigênio que você respira - tendemos a esquecer isso."
Os alertas de sexta-feira ecoam pesquisas recentes revisadas por pares sobre o espectro de perdas simultâneas de safras nas principais zonas de cultivo de alimentos do mundo devido ao colapso climático. De acordo com um artigo publicado na Nature Communications no início deste mês, a maioria dos modelos climáticos existentes tende a subestimar o perigo mortal representado por “quedas simultâneas de colheita nas principais regiões produtoras de safras”.
Está longe de ser o único estudo publicado recentemente a soar o alarme sobre a relação entre ondas de calor e fome. A pesquisa divulgada em junho avaliou "o pior cenário em que o clima extremo atinge duas regiões produtoras de pão no mesmo ano", como informou a NBC News na época.
Outro artigo de agosto passado observou que "o calor extremo não apenas prejudica os rendimentos agrícolas e leva a quedas de oferta e insegurança alimentar no longo prazo, mas também afeta a capacidade das pessoas de gerar renda com o trabalho e comprar alimentos no curto prazo".
Cientistas disseram na quinta-feira que as condições recém-chegadas do El Niño devem tornar 2024 ainda mais quente do que este ano.
"Sem uma ação global para enfrentar a mudança climática, veremos níveis de fome sem precedentes", twittou o braço britânico do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas na sexta -feira, observando o relatório do The Guardian.
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Apesar das crescentes evidências das consequências desastrosas da emergência climática, os gigantes dos combustíveis fósseis – que arrecadaram centenas de bilhões de dólares em lucros no ano passado depois de suprimir conscientemente os alertas sobre a crise climática por décadas – planejam expandir as operações de perfuração nos próximos anos. Os formuladores de políticas demonstraram pouca vontade de detê-los, já que a COP27 terminou em novembro sem nenhum compromisso de eliminar gradualmente o carvão, o petróleo e o gás.
Referindo-se ao estudo publicado no início deste mês na Nature Communications, o jornalista George Monbiot argumentou na semana passada que "a luta para evitar o fracasso sistêmico é a luta entre a democracia e a plutocracia ".
"Sempre foi", acrescentou, "mas as apostas são agora mais altas do que nunca."
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