Hugo 'El Pollo' Carvajal, o espião que o chavismo deixou de ver como herói

                   

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O partido governante venezuelano passou de chamar o ex-chefe da inteligência militar de "patriota" para chamá-lo de "criminoso". Hugo Carvajal, que mudou de nome e da família em 2013, ocupou cargos que lhe exigiam conhecer as intimidades do poder militar e político de seu país.

Hugo Carvajal, vulgo 'El Pollo', ex-funcionário venezuelano extraditado da Espanha para os Estados Unidos, foi um ator com múltiplos papéis para o chavismo: militar, golpista, chefe da inteligência das Forças Armadas, diplomata, deputado e uma peça que conhecia os segredos do governo de Nicolás Maduro e sua comitiva.

Autoridades norte-americanas confirmaram nesta quarta-feira que Carvajal foi extraditado de Madri, na Espanha, para os Estados Unidos , após "muitos anos" como "fugitivo" e uma "carreira criminosa" de mais de uma década para enfrentar acusações de conspiração de "narcoterrorismo".

Carvajal, nascido no leste da Venezuela, 63 anos, fez parte de um colégio militar antes de continuar seus estudos na Academia Militar, hoje classificada como universidade.

Lá se formou no início da década de 1980 com a licenciatura em Artes e Ciências Militares e como segundo-tenente das Forças Armadas Nacionais.

 

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Ele ficou em 59º lugar entre 72 de sua classe, nomeado em homenagem a Pedro Camejo, militar conhecido por sua participação na guerra pela independência da Venezuela.

Foi na Academia Militar que 'El Pollo' Carvajal fez amizade com o ex-presidente Hugo Chávez Frías, então seu instrutor. A imprensa local atribui a participação posterior de Carvajal no golpe fracassado de 4 de fevereiro de 1992 a essa amizade.

Essa tentativa contra o governo do presidente social-democrata Carlos Andrés Pérez é considerada a semente do projeto chavista que chegou ao poder em 1999. Esse evento marcou o futuro papel de Carvajal dentro do chavismo e sua proximidade com Chávez, já um líder nacional.

O observador dos segredos do poder

A revista Semana certa vez catalogou "El Pollo" como "os Montesinos de Chávez", em alusão ao ex-diretor de inteligência de Alberto Fujimori, no Peru, na década de 1990.

Carvajal assumiu responsabilidades e liderança nos serviços de inteligência e prevenção civis e militares desde 2002, ano em que Chávez foi deposto do poder por pouco mais de um dia após um grande protesto civil e a rebelião da maioria do Alto Comando Militar.

A proximidade com Chávez levou o então presidente a confiar-lhe a direção da Inteligência Militar por 7 anos, entre 2004 e 2011. Semana o descreveu como parte do "grupo seleto" de funcionários que compunham o círculo íntimo do líder socialista.

A Transparencia Venezuela lembra que Carvajal foi sancionado pela OFAC nos Estados Unidos em 2008 por supostamente ajudar materialmente os guerrilheiros das FARC.

Entre 2012 e 2013, enquanto Chávez sofria e morria de câncer, ele foi vice-ministro do sistema de segurança interna do país, chefiou uma missão oficial de construção de casas e voltou a chefiar o aparato militar de contra-espionagem da Venezuela.

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Sempre discreto, seu nome repercutiu no noticiário internacional quando Nicolás Maduro, sucessor de Chávez na Presidência, o nomeou cônsul em Aruba em 2014.

Os Estados Unidos haviam solicitado a captura de Carvajal por acusações de tráfico de drogas e o Reino dos Países Baixos o deteve em julho de 2014, quando ele chegou à ilha caribenha.

Três dias tensos se passaram antes que a Holanda o declarasse persona non grata e o libertasse após reconhecer suas credenciais como cônsul-geral da Venezuela.

Maduro comemorou sua chegada ao país após sua captura e o definiu como um "herói", um "patriota" leal ao partido governista e um "irmão", durante um ato do Partido Socialista Unido da Venezuela.

Dois anos depois, Carvajal ganhou uma deputação nacional com o apoio do partido governista do estado oriental de Monagas. Naqueles anos como parlamentar, ele insistiu que os Estados Unidos queriam derrubar Maduro e exigiu que o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos "tirasse as mãos" da Venezuela.

Da lealdade à rebelião contra Maduro

Nesse momento de sua carreira política, de maior contato com a imprensa e mais atividade em sua conta no Twitter , ele disse que a acusação dos Estados Unidos por tráfico de drogas era "inconsistente e carente de provas".

O distanciamento de Carvajal do Madurismo ficou evidente em fevereiro de 2019. Era uma época em que a oposição acabava de denunciar Maduro como um "usurpador" e afirmava que Juan Guaidó, líder do Parlamento, era o presidente no comando.

'El Pollo' ignorou Maduro como presidente em um vídeo divulgado em suas redes sociais, reconheceu Guaidó como tal e pediu às Forças Armadas que fiquem do "lado certo da história", criticando sua defesa de "interesses privados".

Dois meses depois, em abril de 2019, a polícia espanhola prendeu Carvajal sob acusações que ele enfrentava em um tribunal de Nova York por supostamente conspirar para importar 5,6 toneladas de cocaína da Venezuela para os Estados Unidos, em trânsito pelo México.

Somente após sua prisão na Espanha, reportagens da imprensa e ONGs de direitos humanos relataram que Carvajal havia mudado seu primeiro nome e o sobrenome de sua esposa e filhos em 2013, em um registro civil em Portuguesa, um dos menores estados da Venezuela. 'El Pollo' foi renomeado para Hugo Armando Peck Peck.

Há quatro anos, na Espanha, iniciou um longo processo judicial que incluiu inclusive sua fuga e recaptura e cuja novidade foi sua extradição para os Estados Unidos para enfrentar um sistema no qual certa vez disse desconfiar. Enquanto isso, o chavismo o desqualifica novamente: Jorge Rodríguez, o homem de maior confiança de Maduro, o rotulou nesta quarta-feira de "criminoso".

📙 GLOSSÁRIO:

🖥️ FONTES :

 

Com Agências :

https://www.vozdeamerica.com/a/perfil-hugo-carvajal-el-pollo-eeuu-estados-unidos-extradicion-narcotrafico-chavismo/7187931.html

NOTA:

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