Sob o Escrutínio: A Polêmica em Torno da Efetividade da Constelação Familiar
Falta de evidências científicas sustenta críticas as constelações familiares |
Algumas das principais razões pelas quais as constelações familiares são consideradas uma farsa por muitos profissionais são:
- Falta de embasamento científico: não há evidências científicas sólidas que comprovem a eficácia do método. Os princípios teóricos são baseados em conjecturas não comprovadas.
- Metodologia questionável: a representação espacial de relações complexas é uma metáfora duvidosa, não um método terapêutico validado.
- Resultados subjetivos: insights e soluções dependem muito de variáveis aleatórias do contexto grupal.
- Promessas exageradas: são feitas afirmações grandiosas sobre cura de doenças graves que não têm comprovação.
- Riscos: pode revitimizar pessoas traumatizadas ou induzir sensação de culpa por problemas atuais.
- Viés de confirmação: ênfase em casos de sucesso, sem avaliação sistemática dos insucessos.
- Misticismo: incorpora elementos místicos e espiritualistas não compatíveis com a ciência.
- Autoritarismo: o terapeuta assume posição de detentor da verdade sobre a família.
- Conservadorismo: visão tradicionalista e conformista da família e papéis de gênero.
Portanto, do ponto de vista científico e ético, as constelações familiares levantam sérias ressalvas. Seus benefícios ainda precisam ser comprovados de forma confiável e isenta.
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História das Constelações Familiares e do seu criador
As Constelações Familiares Sistêmicas (CFS) são uma abordagem terapêutica desenvolvida pelo filósofo e psicoterapeuta alemão Bert Hellinger na década de 1980. Elas se baseiam na ideia de que muitos problemas psicológicos e emocionais têm suas raízes em relacionamentos familiares disfuncionais ou traumáticos, frequentemente transmitidos através de gerações.
A prática das CFS envolve a criação de uma "constelação" com representantes que assumem os papéis de membros de uma família. O constelador guia os representantes pela sala, ajustando suas posições em relação uns aos outros, até que emerja uma imagem que revela insights ocultos sobre as dinâmicas familiares. Através dessa representação espacial, busca-se identificar desequilíbrios, segredos, traumas ou outras questões que precisam ser resolvidas para restaurar a ordem e harmonia no sistema familiar.
Embora as CFS tenham se popularizado nos últimos anos, difundindo-se por diversos países, elas também têm sido alvo de controvérsias e críticas. Uma das principais pontos problemáticos frequentemente apontados é a falta de embasamento científico e comprovação empírica da eficácia do método.
Além disso, alguns dos pressupostos teóricos das CFS são considerados questionáveis ou mesmo antiéticos por parte significativa da comunidade psicoterapêutica.
Entre os principais pontos controversos estão a ênfase em hierarquia, obediência e submissão familiar, a desconsideração da individualidade e agência pessoal, e a atribuição de culpa ou responsabilidade por problemas atuais a eventos ou pessoas do passado, muitas vezes já falecidas.
Neste artigo, vamos explorar em profundidade os fundamentos teóricos, técnicas, críticas e aspectos controvertidos das Constelações Familiares Sistêmicas. Trata-se de uma discussão complexa e multifacetada, que requer uma abordagem ponderada e baseada em evidências, ao invés de opiniões passionais ou posições ideológicas extremadas.
Fundamentos Teóricos das CFS
As Constelações Familiares Sistêmicas baseiam-se principalmente nas ideias da terapia familiar sistêmica e da psicologia transpessoal.
Bert Hellinger, criador do método, foi influenciado por pensadores como Ivan Boszormenyi-Nagy, Virginia Satir, Carl Whitaker, Murray Bowen e Gregory Bateson.
De acordo com a visão sistêmica, a família funciona como um sistema inter-relacionado, no qual cada membro afeta e é afetado pelos demais. Para haver saúde emocional, seria preciso equilíbrio nessas relações. Hellinger acreditava também que há uma "consciência familiar" mais abrangente, que transcende o indivíduo e perpassa gerações.
Alguns dos principais conceitos que embasam as CFS são:
- Ordens do amor: cada membro da família ocupa um lugar ou ordem dentro do sistema. Respeitar essa ordem seria fundamental para o equilíbrio familiar.
- Hierarquia: os pais têm autoridade sobre os filhos. Problemas surgem quando essa hierarquia é subvertida, como em parentificação.
- Pertencimento: todos devem pertencer ao sistema familiar, mesmo aqueles excluídos ou mortos cedo. Sua exclusão gera desequilíbrio.
- Equidade: todos os membros têm o mesmo valor e direito à atenção, independente de sexo, nascimento, habilidades etc.
- Dar e receber: o equilíbrio depende de dar e receber de maneira justa entre os membros.
Essas leis ou ordens naturais deveriam ser respeitadas e restauradas para resolver problemas atuais advindos de desequilíbrios no sistema familiar.
Técnicas Utilizadas nas CFS
A principal técnica utilizada nas Constelações Familiares Sistêmicas é a configuração de uma constelação representacional.
O cliente escolhe representantes (frequentemente outros participantes da sessão) para atuarem como os principais membros de seu sistema familiar atual ou de origem. O terapeuta guia o posicionamento espacial desses representantes na sala, explorando diferentes configurações até emergir aquela que evidencia os padrões problemáticos.
Através da constelação, busca-se identificar elementos como:
- Membros da família excluídos ou esquecidos;
- Inversões ou subversões da hierarquia familiar;
- Desrespeito às ordens do amor e do pertencimento;
- Falta de equidade ou reciprocidade entre os membros;
- Traumas ou segredos que geram rupturas no sistema.
À medida que esses padrões ocultos são revelados, pode-se reorganizar a constelação para restaurar o equilíbrio e a conexão entre os membros e subsistemas familiares.
O terapeuta também pode fazer intervenções verbais, como questionamentos ou frases que expressem certos princípios sistêmicos. Por exemplo, enfatizar a importância de honrar os pais, ou da precedência dos progenitores sobre os descendentes.
Algumas vezes, utilizam-se também objetos ou símbolos na constelação, para representar elementos como abortos, segredos, doenças etc. O cliente pode interagir com a constelação e experimentar insights e emoções ao vivenciar essas dinâmicas.
Críticas às CFS
Embora as Constelações Familiares tenham se popularizado muito nos últimos 20 anos, elas também têm sido alvo de controvérsias e críticas por parte de alguns profissionais e estudiosos.
- Uma das principais críticas se refere à falta de embasamento científico do método. Não há pesquisas conclusivas que comprovem a eficácia das CFS no tratamento de questões psicológicas, relacionais ou sistêmicas.
- Além disso, a própria noção de "consciência familiar" que transcende os indivíduos não encontra respaldo na ciência convencional. Parte significativa da comunidade acadêmica e psicoterapêutica rejeita essas premissas como fantasiosas e cientificamente infundadas.
- Outro ponto frequentemente questionado são os pressupostos éticos e valores subjacentes ao método, especialmente no que se refere a papéis de gênero, hierarquia familiar e obediência aos pais. Alguns vêm essas ideias como ultrapassadas, opressoras ou prejudiciais.
- Há também críticas em relação ao caráter impositivo e diretivo da abordagem, na qual o terapeuta supostamente detém um conhecimento sobre a "verdade" da família que sequer o próprio cliente possui. Isso fere princípios básicos da terapia centrada na pessoa.
- Da mesma forma, a ênfase em eventos ou pessoas do passado, muitas vezes mortas, como supostas causas de problemas atuais, é vista por alguns como antiética e potencialmente prejudicial. Pode reforçar noções negativas sobre si mesmo ou a família.
- Por fim, as CFS também têm sido acusadas de fazer afirmações exageradas ou infundadas sobre seus benefícios e alcance. Promessas de cura definitiva para diversos problemas graves certamente demandam comprovação mais consistente.
Em suma, embora as Constelações Familiares possam ter alguns aspectos positivos ou produtivos, elas permanecem controversas e problemáticas para muitos profissionais devido às limitações teóricas e metodológicas supracitadas. É preciso cautela e visão crítica ao avaliar ou fazer uso dessa abordagem.
Princípios Questionáveis das CFS
Dentre os diversos conceitos e pressupostos que embasam as Constelações Familiares Sistêmicas, alguns dos mais controversos e problemáticos incluem:
A)Hierarquia e obediência irrestrita aos pais
Nas CFS, a obediência filial e respeito à hierarquia são vistos como mandatórios, independente das circunstâncias ou comportamento dos pais. Isso é problemático, podendo perpetuar ou legitimar abusos, negligência e outros comportamentos tóxicos dos progenitores. Além disso, desconsidera o discernimento e direitos dos indivíduos.B)Culpa retroativa e determinismo transgeracional
Atribuir problemas atuais a traumas, segredos ou dinâmicas familiares do passado pode gerar sentimentos de culpa por eventos fora do controle da pessoa. Também reforça uma visão determinista, na qual o indivíduo é relegado a um papel passivo e sem agência real sobre a própria vida e destino.C)Primazia do sistema sobre o indivíduo
A ênfase no equilíbrio do "sistema familiar" em detrimento das necessidades e experiências únicas de cada indivíduo é antiética e desumanizadora. Nega a legitimidade dos anseios pessoais quando entram em conflito com supostas regras ou propósitos do sistema.D)Conformismo e conservadorismo
Ao enfatizar conceitos como aceitação, pertencimento e tradição, as CFS podem promover uma postura conformista e conservadora, desencorajando questionamentos do status quo familiar e social. Isso inibe o pensamento crítico e mudanças necessárias.E)Supervalorização da experiência subjetiva
A crença de que insights obtidos através de constelações representacionais revelam verdades profundas sobre a família é infundada. As experiências subjetivas dos participantes não constituem evidência confiável sobre questões tão complexas.F)Generalizações abusivas
As supostas leis e princípios sistêmicos são aplicados de forma rígida e acrítica. Não consideram as enormes diferenças entre as estruturas e dinâmicas familiares na realidade concreta.
Em suma, as CFS partem de pressupostos éticos e epistemológicos muito problemáticos e contrários a valores humanistas contemporâneos. Sua adoção acrítica pode trazer mais danos do que benefícios, especialmente em contextos de abuso ou opressão familiar. Cabe aos profissionais e usuários refletir profundamente sobre esses aspectos controversos.
Riscos e Contraindicações das CFS
Dada a problemática teórica e valores subjacentes às Constelações Familiares Sistêmicas, seu uso acarreta sérios riscos e efeitos adversos em certos contextos. Por isso, é fundamental considerar possíveis contraindicações ou situações nas quais o método deve ser evitado.
Algumas das principais são:
- Casos de abuso ou trauma: pode revitimizar e culpar indevidamente a vítima;
- Conflitos conjugais: visão rígida dos papéis de gênero e poder pode agravar;
- Problemas de autoridade: obediência irrestrita aos pais é contraindicada;
- Indivíduos vulneráveis: alto risco de influência indevida e violação de limites;
- Transtornos dissociativos: representação pode gerar descompensação;
- Psicoses: pouco respaldo para uso em quadros graves de desconexão com a realidade;
- Compulsão à repetição: reviver padrões familiares disfuncionais de forma acrítica pode reforçá-los;
- Problemas de autonomia: ênfase no pertencimento familiar pode dificultar individuação.
- Depressão: determinismo transgeracional pode reforçar desesperança.
- Suicídio: ideias de transgressão de lealdades podem induzir culpa excessiva.
- Ou seja, as CFS devem ser evitadas em situações que envolvam vulnerabilidades, traumas, disfunções graves de autonomia e identidade ou medicalização psiquiátrica. Seu potencial lesivo supera possíveis benefícios nestes casos.
Cabe aos profissionais cuidadosa avaliação da história e condição dos clientes, excluindo a abordagem quando contraindicada. Usuários também devem estar atentos a esses riscos e ponderar participar de constelações apenas em contextos apropriados.
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Crítica às Bases Científicas das CFS
Uma das principais críticas às Constelações Familiares é a falta de embasamento científico sólido que fundamente seus postulados e práticas. Vejamos alguns dos pontos mais problemáticos:
- A noção de "consciência familiar" que transcende os indivíduos não encontra respaldo em nenhuma teoria ou dado científico estabelecido.
- As supostas "leis" e "ordens" naturais que regem a dinâmica familiar refletem conjecturas não comprovadas do idealizador, sem verificação empírica.
- A representação espacial de relações complexas em constelações é uma metáfora questionável, não uma prova de fatos ocultos.
- Os insights e soluções que emergem são subjetivos, dependentes de variáveis aleatórias da situação grupal.
- Não há pesquisas controladas que comprovem maior eficácia das CFS sobre outros métodos psicoterápicos validados.
- Os mecanismos de ação propostos contradizem o conhecimento científico sobre funcionamento psicológico e sistêmico.
- Os casos de "sucesso" se baseiam em relatos anedóticos e avaliações não padronizadas.
- Os fundamentos místicos ou espirituais não substituem metodologia e evidência científica confiável.
- A abordagem não passou por rigorosos testes de falsificabilidade e replicação exigidos à ciência.
- Portanto, apesar de seu apelo subjetivo, as CFS carecem de validade e confiabilidade científica. Suas premissas e eficácia permanecem por ser demonstradas. Seus benefícios ainda requerem comprovação mais consistente e isenta.
Ceticismo Científico e Pensamento Crítico
Diante das sérias limitações no embasamento científico das Constelações Familiares Sistêmicas, é essencial que profissionais e usuários adotem uma postura de ceticismo crítico e exigência por evidências empíricas confiáveis.
Algumas diretrizes importantes incluem:
- Não assumir a priori a validade das conjecturas e modelos propostos pelas CFS.
- Questionar constantemente seus fundamentos teóricos e epistemológicos.
- Não confundir insights subjetivos ou soluções metafóricas com fatos objetivos.
- Exigir replicação sistemática dos resultados e comparação rigorosa com outros métodos.
- Desconfiar de claims exagerados e conclusões precipitadas com base em casos isolados.
- Analisar criticamente possíveis vieses de confirmação, wishful thinking e efeito placebo.
- Resistir à tendência de aceitar acriticamente a autoridade ou experiência pessoal do terapeuta.
- Priorizar evidências e conclusões com alto grau de confiabilidade e consenso científico.
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