Pesquisa inova ao testar vermes no combate ao diabetes tipo 2
Um estudo pioneiro conduzido pela Universidade James Cook na Austrália testou o uso de ancilostomídeos, um tipo de verme parasita, para prevenir o diabetes tipo 2 em humanos. Os resultados promissores após 2 anos de testes abrem caminho para pesquisas mais amplas sobre a inusitada terapia.
O estudo envolveu a ingestão controlada das larvas microscópicas de ancilostomídeos por participantes com fatores de risco para diabetes tipo 2. Os vermes se instalam no intestino, onde interagem com o sistema imunológico do hospedeiro.
Um close-up de Nectator americanus , mostrando os pequenos ganchos que ele usa para prender na parede intestinal humana - Universidade James Cook |
Ancilostomídeos estão no centro de uma nova abordagem ao diabetes
Estudos prévios em animais mostraram que os ancilostomídeos induzem resposta anti-inflamatória no organismo, o que poderia contribuir para controlar doenças crônicas como o diabetes. Isso ocorre porque o parasita precisa manter o hospedeiro saudável para garantir seu próprio desenvolvimento.
No teste com humanos, 40 participantes entre 27 e 50 anos receberam doses de 20 ou 40 larvas de ancilostomídeos da espécie Necator americanus. Outros receberam placebo. Ao longo de 2 anos, eles tiveram a saúde monitorada.
O grupo que recebeu 20 larvas apresentou redução significativa nos níveis do HOMA-IR, índice que mede resistência à insulina. Isso indica que os vermes melhoraram a sensibilidade dos pacientes à insulina, um fator-chave no diabetes tipo 2.
Vermes parasitas: a nova e surpreendente arma contra o diabetes
Participantes também relataram melhora no humor e sensação geral de mais saúde em comparação ao grupo placebo. E quando dado a opção de tomar vermífugo após 2 anos, apenas 1 pessoa aceitou, sugerindo que os vermes foram bem tolerados.
Os ancilostomídeos sobrevivem por cerca de 10 anos no intestino, mas seu risco de transmissão é baixo desde que o paciente tenha boa higiene. Eles não se multiplicam fora do corpo humano.
O mecanismo pelo qual os vermes melhoram o metabolismo ainda não é totalmente compreendido. Uma hipótese é que eles modulem o microbioma intestinal, restaurando seu equilíbrio. Isso poderia reduzir processos inflamatórios associados ao diabetes tipo 2.
Os pesquisadores agora analisam o impacto no microbioma dos participantes. Também planejam realizar um estudo amplo para confirmar a eficácia da terapia e entender como ela atua em diferentes populações.
O objetivo é desenvolver no futuro um tratamento em comprimidos que forneça os benefícios dos ancilostomídeos sem a necessidade de ingestão das larvas.
A ideia de se submeter propositalmente a vermes intestinais pode parecer estranha ou nojenta à primeira vista. Mas doenças crônicas como diabetes, obesidade e inflamações intestinais vêm crescendo em países desenvolvidos.
Isso levou cientistas a estudarem o papel de nosso relacionamento ancestral com parasitas e microbioma intestinal nessas condições. Estima-se que no passado remoto todos os humanos abrigavam vermes intestinais.
Hoje, o estilo de vida moderno com higiene rigorosa eliminou esses organismos de nossas vidas. Porém, eles podem ter desempenhado um papel regulatório e imunológico importante. Daí a ideia de reintroduzi-los de forma controlada e segura.
Claro que ninguém deseja verdadeiramente abrigar vermes parasitas apenas para obter benefícios à saúde. Por isso, a perspectiva de desenvolver terapias derivadas que não requeiram o verme em si é animadora.
O estudo com ancilostomídeos para diabetes ilustra como visões inovadoras são necessárias diante do aumento alarmante de doenças crônicas no mundo. Soluções podem vir de lugares e seres inesperados, como esses vermes.
Ceticismo é compreensível e estudos rigorosos são necessários para comprovar qualquer tratamento novo. Mas abrir a mente para questionar paradigmas e explorar todas as possibilidades é crucial para a medicina avançar.
No caso dos ancilostomídeos, ainda há um longo caminho pela frente. Porém, as descobertas promissoras até agora motivam sua investigação contínua. Parcerias internacionais serão vitais para viabilizar pesquisas mais amplas e acelerar esse processo.
Se comprovada sua eficácia contra diabetes e outras doenças crônicas, a terapia com ancilostomídeos poderia revolucionar o tratamento dessas condições que afetam bilhões globalmente. Os vermes parasitas, nosso inimigo ancestral, talvez possam se tornar aliados inesperados no futuro da medicina.
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