Lula e o presidente de Angola, João Lourenço — Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República |
João Lourenço sufoca oposição e manipula eleições em Angola
Nas eleições gerais de 24 de Agosto em Angola, o Presidente João Lourenço, à frente do partido que governa há quase meio século, foi reeleito para um segundo mandato. Num campo de jogo fortemente inclinado a seu favor, entre abstenções sem precedentes e alegações de fraude, obteve apenas 51 por cento dos votos e uma maioria de 124 dos 220 assentos parlamentares. O poder permanece nas mãos do partido no poder, mas a vitória por pouco pode manter vivas as esperanças de mudança. O governo tem agora uma escolha: intensificar a repressão para tentar evitar uma futura derrota democrática ou aceitar uma realidade futura de política pluralista.
Pontos-Chaves sobre o processo eleitoral em Angola,de 2022
- As eleições foram uma farsa orquestrada pelo MPLA para se agarrar desesperadamente ao poder. O campo de jogo foi deliberadamente enviesado a favor do partido no poder, minando qualquer noção de democracia.
- O MPLA mostrou total desrespeito pela vontade do povo angolano. Através de mudanças constitucionais , nomeações políticas e repressão aos críticos, o partido no poder corrompeu o processo democrático.
- As instituições fundamentais que deveriam garantir eleições livres e justas, como a Comissão Eleitoral e o Tribunal Constitucional, foram reduzidas a meras extensões do MPLA. Sua independência e integridade foram completamente comprometidas.
- O clima de medo e intimidação criado pelo MPLA teve um efeito corrosivo sobre o eleitorado. Milhões foram eficazmente privados de exercer seus direitos democráticos por temerem represálias violentas.
- Ao manipular descaradamente o sistema a seu favor, o MPLA mostrou total desprezo pelo Estado de Direito. As constantes violações dos direitos humanos e a perseguição aos críticos são ultrajantes.
- A recusa do MPLA em aceitar os pedidos da oposição por eleições transparentes demonstra que o partido no poder não tem interesse em uma democracia genuína. Sua agenda é se apegar ao poder a qualquer custo.
- A comunidade internacional falhou miseravelmente em responsabilizar o governo angolano por corromper repetidamente o processo eleitoral e reprimir os oponentes políticos. Sua conivência é cúmplice.
Autocrata Lourenço não tem interesse em democracia, apenas em poder
As eleições gerais de 24 de Agosto de 2022 em Angola foram as mais competitivas da história do país, mas ocorreram num campo de jogo fortemente inclinado a favor do partido no poder, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). O presidente João Lourenço, do MPLA, foi reeleito para um segundo mandato, mas obteve apenas 51% dos votos. Seu principal oponente, Adalberto da Costa Júnior da oposição UNITA, recebeu 44%.
O MPLA governa Angola desde a independência em 1975. Sob o domínio autocrático do presidente José Eduardo dos Santos de 1979 a 2017, o país realizou poucas eleições genuínas e multipartidárias. Lourenço sucedeu Santos em 2017 com promessas de reformas, mas não conseguiu entregar mudanças substanciais.
A maioria dos angolanos vive em pobreza, apesar da riqueza petrolífera do país. Metade da população vive com menos de US$1,90 por dia. A esperança de vida é de apenas 61 anos e a taxa de desemprego juvenil é superior a 60%. As condições levaram muitos a procurar uma mudança nas urnas.
No entanto, o MPLA enviesou o campo para permanecer no poder. Dois anos antes da eleição, Lourenço nomeou aliados para chefiar a Comissão Nacional Eleitoral e o Tribunal Constitucional, minando sua independência. Em 2021, o governo aprovou mudanças constitucionais e legais que reforçaram o controle do MPLA sobre o processo eleitoral.
A campanha foi desigual. O MPLA recebeu cobertura favorável na mídia estatal. Funcionários fizeram campanha ilegalmente. O financiamento público chegou tarde demais para outros partidos. Protestos da oposição foram proibidos. Jornalistas sofreram assédio e detenções.
No dia da eleição, apenas 45% dos eleitores votaram, sugerindo medo e descrença generalizados. A UNITA pediu que os eleitores monitorassem a votação, mas muitos temiam violência. Os resultados foram anunciados suspeitosamente rápido, com o MPLA contando 97% dos votos em 24 horas.
A UNITA apresentou uma queixa legal exigindo a anulação, citando “várias ilegalidades”. Ativistas locais que relataram irregularidades enfrentaram intimidações e ameaças. O Tribunal Constitucional rejeitou o recurso da oposição em 9 de setembro.
Embora o MPLA tenha mantido uma maioria, sua vitória apertada - a menor margem da história - deixou-o com apenas 124 dos 220 assentos no parlamento. Isso pode forçá-lo a negociar e construir consenso, potencialmente marcando o fim da tomada de decisão unilateral.
Mas também pode significar maior repressão contra críticos, à medida que um governo sem rumo procura manter o poder. O MPLA agora enfrenta um futuro incerto. Sua próxima derrota democrática pode estar próxima, a menos que intensifique a opressão.
A comunidade internacional deve pressionar o governo de Angola a respeitar os direitos humanos, acabar com os ataques a críticos e garantir a independência do judiciário e das instituições eleitorais. Os angolanos merecem eleições livres e justas para determinar o futuro de seu país.
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📙 GLOSSÁRIO:
João Manuel Gonçalves Lourenço GColIH (Lobito, 5 de março de 1954) é um militar, historiador e político angolano, atual presidente de Angola desde 2017.
Passou por várias posições dentro do partido e no Estado angolano, incluindo deputado à Assembleia do Povo entre 1986 e 1992, presidente do Grupo Parlamentar do MPLA entre 1993 e 1998, 1.º vice-presidente da Assembleia Nacional entre 2003 e 2014 e Ministro da Defesa de Angola entre 2014 e 2017. No dia 3 de fevereiro de 2017, na 3ª. Reunião Ordinária do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), foi oficialmente anunciado como cabeça de lista do MPLA nas eleições de agosto de 2017.
Foi o cabeça de lista do MPLA, onde disputou a reeleição e venceu as eleições gerais de Angola de 2022.
🖥️ FONTES :
Com Agências :
https://lens.civicus.org/angola-the-democratic-transition-that-never-was/
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