Kitty Genovese: o assassinato, o mito e o legado
Kitty Genovese, em 1956. Ela foi morta a facadas no Queens em 1964. (June Murle/The Witnesses Film, LLC/FilmRise) |
AR News
1964: quando um homicídio em NY se tornou notícia nacional
Em março de 1964, Kitty Genovese, de 29 anos, foi brutalmente assassinada em Queens, Nova York. Ela foi esfaqueada e estuprada por Winston Moseley, que havia saído à procura de uma vítima aleatória. O ataque durou meia hora, durante a qual vizinhos teriam ouvido seus gritos sem prestar ajuda.
O crime ganhou destaque quando o New York Times publicou uma reportagem afirmando que 38 testemunhas ouviram ou assistiram ao ataque sem ligar para a polícia. Isso gerou o conceito de "Efeito Espectador" ou "Síndrome de Genovese" - a noção de que pessoas tendem a não ajudar uma vítima quando há outros espectadores presentes.
A cobertura sensacionalista do caso criou a ideia de que a apatia das testemunhas refletia uma sociedade urbana decadente e sem valores morais. No entanto, pesquisas posteriores mostrariam que a história do Times continha distorções e exageros.
A investigação policial inicial focou excessivamente na orientação sexual de Genovese e de sua namorada, Mary Ann Zielonko. O próprio assassino, Winston Moseley, confessou o crime e foi condenado à morte, posteriormente comutada para prisão perpétua. Ele morreu na prisão em 2016.
Estudos demonstram que o "Efeito Espectador" é real, mas não na proporção retratada pelo Times. Psicólogos constataram que testemunhas tendem a hesitar mais em situações coletivas, mas não necessariamente permanecem inativas.
O mito de 38 testemunhas apáticas acabou sendo desconstruído por análises posteriores. Apenas alguns vizinhos ouviram fragmentos do ataque, sem compreender a gravidade da situação. Apenas um deles, Karl Ross, viu Genovese ferida e não agiu, mas depois chamou a polícia.
Apesar das imprecisões, o caso deixou legados importantes. Levou ao questionamento da dinâmica psicológica das testemunhas e do dever de prestar assistência. Também acelerou a criação de uma linha de emergência universal, o 911, implementado em 1968.
Embora tenha se tornado um símbolo da insensibilidade humana, o caso Genovese é hoje visto principalmente como exemplo de jornalismo negligente. A cobertura inicial distorceu os fatos para criar uma narrativa comovente, porém enganosa. Ainda assim, o mito da morte presenciada por 38 pessoas indiferentes persiste no imaginário popular.
O homicídio de Genovese deixou claro que crimes mesmo em áreas residenciais poderiam passar despercebidos. Sua morte trágica estimulou o debate sobre como tornar as comunidades mais atentas e solidárias. Apesar da compreensão limitada da época sobre a psicologia das testemunhas, o caso marcou o início de um interesse duradouro no estudo desse fenômeno complexo.
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Com Agências :
Kitty Genovese. Kevin Cook.
A Call For Help. The New Yorker.
Her Shocking Murder Became the Stuff of Legend. But Everyone Got the Story Wrong. Washington Post.
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