Putin pode ter assassinado o chefe do grupo Wagner, mas exércitos de armas implacáveis de aluguel estão se espalhando pelo mundo
Imortalizados graças ao seu papel no conflito ucraniano, Wagner opera em todo o mundo |
No pátio de uma prisão russa, varrido pelo vento e envolto em uma atmosfera sombria, uma cena assombrosa se desenrolava. Centenas de pessoas se aglomeravam ao redor de Yevgeny Prigozhin, um senhor da guerra mercenário, enquanto ele ditava suas impiedosas condições de recrutamento. Sua voz ecoava, cheia de determinação: "Vamos colocá-los diretamente na linha de frente, na Ucrânia. Se você recuar, atiraremos em você imediatamente. Se você desobedecer a uma ordem, atiraremos em você imediatamente. Mas se você sobreviver por seis meses, será perdoado e poderá voltar para casa."
Os lugares onde os exércitos privados apareceram nos últimos anos |
Esse sombrio espetáculo poderia ter saído diretamente de um filme de guerra dos anos 1960, como "Doze Condenados", onde a liberdade é prometida a criminosos condenados que participam de uma missão suicida na Segunda Guerra Mundial. No entanto, essa cena pertence à realidade do século XXI, onde o negócio de mercenários floresce com uma ganância brutal e um caos sangrento, expandindo-se além das telas de cinema.
Governos, empresas privadas e até mesmo grupos terroristas estão recorrendo à contratação de paramilitares mercenários. Esses agentes, altamente treinados e frequentemente sem afiliação oficial a nenhum exército nacional, oferecem uma alternativa mais barata e flexível aos exércitos convencionais. Além disso, sua natureza privada lhes permite evitar as mesmas acusações de violações dos direitos humanos que os governos muitas vezes enfrentam.
Desde o Iêmen até a Ucrânia, passando pelo Iraque e Afeganistão, a guerra moderna é cada vez mais conduzida por esses exércitos privados. A Rússia, em particular, tem usado mercenários de maneira estratégica, juntamente com suas forças regulares, para alcançar seus objetivos geopolíticos.
Yevgeny Prigozhin, figura central nessa cena, é um exemplo notório desse cenário. Embora sua morte tenha vindo de forma trágica em um acidente de avião, seu grupo mercenário, conhecido como Wagner, continuou a desempenhar um papel significativo em conflitos internacionais. Wagner se destacou em 2014, quando suas forças paramilitares atuaram ao lado das forças russas na anexação da Crimeia. Atuando sem uniformes identificáveis e frequentemente disfarçados de separatistas pró-Rússia, eles permitiram ao Kremlin negar seu envolvimento direto.
Wagner logo expandiu suas operações, desempenhando papéis em conflitos na Síria e no continente africano. A relação entre Wagner e o governo russo permaneceu obscura até que, em um momento revelador, o presidente Vladimir Putin admitiu que o grupo era totalmente financiado pelo Kremlin.
Um dos incidentes que trouxe Wagner ao destaque internacional foi a Batalha de Khasham, na Síria, em que suas forças enfrentaram as forças especiais dos EUA. A resistência feroz e bem organizada apresentada pelos mercenários surpreendeu muitos observadores, demonstrando que eles não eram meros amadores, mas sim uma força bem treinada e coordenada.
No entanto, a história dos mercenários remonta a tempos antigos. Mesmo no Antigo Testamento, existem referências a soldados da fortuna. Com a evolução dos Estados-nação, os mercenários foram perdendo espaço para os exércitos nacionais, mas sua ressurgência ocorreu após a Guerra Fria, com a proliferação das empresas militares privadas (PMCs).
Durante conflitos como os do Iraque e Afeganistão, os EUA empregaram PMCs para fornecer uma variedade de serviços, incluindo transporte, alimentação e logística, com alguns envolvidos em funções de combate direto. O exemplo trágico da Blackwater, que massacrou civis no Iraque em 2007, gerou um debate global sobre o uso e regulamentação desses contratados militares.
O envolvimento de empresas militares privadas em conflitos também trouxe à tona a questão das responsabilidades legais e éticas. O exemplo do Spear Operations Group, que teria realizado assassinatos a pedido dos Emirados Árabes Unidos no Iêmen, ilustra o dilema de operações militares conduzidas por empresas privadas que podem estar além do alcance da justiça internacional.
Na Rússia, grupos mercenários como Wagner continuam a ser usados como ferramentas estratégicas para projetar poder em cenários complexos, como a Ucrânia e a Síria. Além disso, outras empresas russas, como a Gazprom, estabeleceram grupos similares para proteger ativos em regiões como a Síria e a Ucrânia.
A morte de Yevgeny Prigozhin não parece ter enfraquecido o domínio do grupo Wagner ou a tendência global de usar mercenários em conflitos. Com a natureza multifacetada e oculta desse ecossistema de grupos, é provável que o negócio de mercenários continue a evoluir e desempenhar um papel ambíguo e complexo nos conflitos modernos.
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