Liberdade negada: sonhos de estudante contrastam com apoio de ex-combatente ao Talibã
Dois anos após o retorno do Talibã ao comando do Afeganistão, depois de 20 anos de guerra contra os Estados Unidos e seus aliados, a vida mudou drasticamente para grande parte da população afegã, especialmente as mulheres.
Segurança, mas não direitos: vida de afegãos 2 anos após retomada do Talibã |
Antes do aniversário de 15 de agosto da queda de Cabul, quatro afegãos relataram suas experiências à AFP: uma empresária determinada a manter seu negócio, um fazendeiro aliviado com o fim dos conflitos, um ex-combatente talibã orgulhoso de servir o novo governo e uma estudante de medicina forçada a abandonar os estudos.
A empresária Arezo Osmani, 30 anos, ficou "aterrorizada e triste" com o retorno do Talibã, que prometeu impor uma interpretação radical do Islã, barrando mulheres de trabalhos e educação. Ela ficou em casa por 10 dias, achando que estava tudo acabado. Mas, ao ver pessoas mantendo suas vidas, decidiu reabrir sua fábrica de absorventes higiênicos reutilizáveis, que chegou a empregar 80 mulheres.
Sob o Talibã, mulheres foram expulsas da maioria dos empregos. Em julho, salões de beleza também fecharam. A redução de ONGs no Afeganistão impactou seus negócios. Ainda assim, ela emprega 35 mulheres, determinada a apoiar o país e as mulheres, apesar das dificuldades.
O fazendeiro Rahatullah Azizi, 35 anos, está aliviado com a melhora na segurança, podendo se locomover livremente, graças ao fim dos combates. Porém, a economia entrou em colapso após a ajuda internacional ser cortada. 85% dos afegãos vivem na pobreza. Seca e gafanhotos prejudicaram plantações. As pessoas compram menos sua produção. Mal consegue o suficiente para comer, sem poder guardar dinheiro. Ainda nutre esperança de mandar os filhos para a universidade.
Lal Muhammad, 23 anos, se juntou ao Talibã há 4 anos. Antes, era um combatente longe de casa. Agora, como policial em Kandahar, ganha um salário para sustentar sua família. Está feliz por ter estabilidade econômica e por servir ao Talibã, seu sonho. Diz não ter mais problemas, pois acabou a guerra. Pretende permanecer com o Talibã até o fim.
A estudante de medicina Hamasah Bawar, 20 anos, precisou abandonar seu sonho depois que o Talibã baniu mulheres das universidades. Diz que isso foi devastador para todas, já que meninas educadas elevam suas famílias e a sociedade. Sem educação, uma geração ficará analfabeta. Determinada a buscar um futuro melhor, pretende deixar o Afeganistão, mesmo diante da proibição talibã.
Essas histórias ilustram os severos retrocessos nos direitos femininos desde o retorno do Talibã, com empresárias e estudantes vendo seus caminhos obstruídos. O fazendeiro, apesar do alívio com a segurança, luta para sobreviver diante da crise econômica. Já o ex-combatente comemora a estabilidade trazida pelo Talibã.
Os relatos expõem o drama pessoal por trás dos grandes acontecimentos políticos no Afeganistão. Mostram as diferentes realidades agora enfrentadas por homens e mulheres no país. Enquanto os homens podem circular e trabalhar livremente, as mulheres sofrem com a opressão do regime fundamentalista, que as proíbe de estudar e exercer diversas profissões.
A empresária Arezo Osmani narra o terror inicial com o retorno do Talibã e a difícil escolha de manter seu negócio aberto, desafiando as restrições impostas às mulheres. Sua determinação contrasta com sua preocupação quanto ao futuro das mulheres afegãs.
O fazendeiro Rahatullah Azizi relata o alívio pela melhora na segurança, mas encontra enormes desafios econômicos para sustentar sua família. Ainda guarda esperança de proporcionar educação aos filhos.
Já Lal Muhammad, o ex-combatente talibã, celebra o fim da guerra e a chance de servir e obter estabilidade econômica com o novo governo, seu grande sonho. Seu relato expõe o apoio que o Talibã ainda encontra junto a alguns grupos, apesar da condenação internacional.
Por fim, a estudante Hamasah Bawar narra a devastação provocada pelo Talibã ao negar educação universitária às mulheres. Determinada a buscar seus direitos, planeja deixar o Afeganistão, deixando para trás seus sonhos profissionais. Sua mãe só pode dar aulas na escola primária, etapa final permitida às meninas pelo Talibã.
As trajetórias dessas quatro pessoas revelam os severos abusos aos direitos humanos sob o novo regime fundamentalista, ao mesmo tempo que expõem visões divergentes da população sobre o retorno do Talibã ao comando do Afeganistão. Seus dramas pessoais trazem à tona as consequências humanas dos conflitos políticos no país.
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