Créditos REDD+ não cumprem promessas, mostra pesquisa
Compensações de carbono baseadas em florestas enfrentam crise de credibilidade
Poluição |
Desmatamento persiste apesar de créditos REDD+, indica nova análise
As compensações de carbono baseadas em florestas, especialmente os créditos REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação), estão sob escrutínio após um novo estudo publicado na revista Science. A pesquisa mostra que muitos projetos REDD+ não conseguiram reduzir o desmatamento tanto quanto alegavam, minando a efetividade dessas compensações.
Os créditos REDD+ funcionam vendendo para empresas e indivíduos as reduções de emissões obtidas ao evitar o desmatamento. Em teoria, ao comprar esses créditos para compensar suas próprias emissões, uma empresa ou pessoa estaria promovendo a conservação florestal.
No entanto, o estudo revela que muitos projetos superestimaram suas economias reais de carbono pela redução do desmatamento. Consequentemente, os créditos REDD+ gerados não compensam as emissões tanto quanto prometido.
Isso coloca em xeque a integridade de todo o mercado de carbono baseado em florestas, avaliado em bilhões de dólares. Empresas e indivíduos usam essas compensações para alegar neutralidade no carbono, quando na verdade ainda contribuem para as mudanças climáticas.
O problema central é que os projetos REDD+ frequentemente não conseguem provar que de fato evitaram o desmatamento na área do projeto. Muitas vezes, o desmate simplesmente é deslocado para outros locais, um fenômeno conhecido como “vazamento”.
Portanto, apesar dos créditos REDD+ gerados, as florestas tropicais continuam sendo destruídas pelo deslocamento do desmatamento. Sem conseguir impedir a perda florestal, os créditos se tornam inúteis para o clima e a biodiversidade.
Esse vazamento ocorre porque madeireiros e agricultores proibidos de desmatar numa área protegida simplesmente se mudam para outras regiões. Além disso, a demanda por produtos agrícolas e madeira que impulsionava o desmate continua existindo, sendo suprida por nova derrubada de florestas em outro local.
Outro grande desafio é garantir a permanência dos projetos REDD+, ou seja, que as florestas sejam protegidas para sempre. Caso contrário, o carbono estocado voltará para a atmosfera no futuro, anulando o benefício climático. Porém, assegurar proteção florestal perpétua é complexo.
Todos esses problemas colocam em risco a conservação, já que os créditos REDD+ são uma fonte crucial de financiamento. Para resolver essas questões, é urgente implementar métodos mais robustos e transparentes de monitoramento e verificação desses projetos.
Além disso, deve haver governança independente para avaliar os créditos, combatendo o conflito de interesse das certificadoras. Somente assim o REDD+ poderá cumprir seu papel em deter o desmatamento tropical, essencial para o clima e a biodiversidade.
Mas mesmo que os problemas técnicos sejam solucionados, compensações baseadas em florestas ainda apresentam riscos conceituais. Elas podem dar uma falsa sensação de que é possível neutralizar emissões indefinidamente apenas comprando créditos, diminuindo a motivação para cortes reais e urgentes nas emissões.
Compensações devem ser apenas uma última alternativa, não uma desculpa para continuar poluindo. Além disso, proteger florestas e reduzir emissões de combustíveis fósseis são estratégias complementares, mas com limites. Ambas precisam ser levadas a níveis ambiciosos para conter o aquecimento global.
Por último, compensações baseadas em florestas tropicais suscitam preocupações éticas. Ao impedir comunidades locais de usar a terra para agricultura, o REDD+ pode exacerbar a pobreza e a insegurança alimentar. Portanto, os benefícios da proteção florestal não podem vir à custa dos mais vulneráveis.
Em suma, as compensações de carbono florestais enfrentam desafios complexos. Elas não podem ser uma panaceia que permite que países e empresas continuem poluindo sem mudar substancialmente seus modelos econômicos e energéticos. Devem ser parte de um conjunto mais amplo de ações climáticas urgentes e ambiciosas.
Ao consumidor individual, resta ceticismo sobre se comprar créditos REDD+ para voos ou outros fins realmente resulta em impacto climático positivo. Portanto, a opção mais garantida para reduzir a pegada de carbono ainda é evitar as emissões desde a origem, não tentando compensá-las.
O estudo na Science expõe falhas significativas no REDD+, mas também um caminho a seguir. Com mudanças profundas na governança, métodos e ética das compensações, elas ainda podem ajudar na conservação de florestas vitais para o planeta.
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