Irrigação alimentada por energia solar, em áreas agrícolas da África Subsaariana

Explorando os benefícios da energia solar para a irrigação agrícola

Irrigação alimentada por energia solar: uma mudança de jogo para explorações agrícolas de pequena escala na África Subsaariana

Agricultores de pequena escala na África Subsaariana poderiam experimentar uma mudança transformadora por meio da irrigação alimentada por energia solar, segundo um estudo recente conduzido pelo Instituto Internacional de Análise de Sistemas Aplicados (IIASA). Nessa região, aproximadamente 80% da produção agrícola é proveniente de pequenos agricultores que enfrentam desafios significativos para aumentar a produtividade, resultando em disparidades de rendimento. A agricultura extensiva de sequeiro, que ocupa cerca de 90% das terras agrícolas, enfrenta padrões imprevisíveis e erráticos de precipitação, o que contribui para baixos níveis de produtividade e insegurança alimentar. Além disso, a falta de mecanização agrícola agrava esse cenário, gerando um ciclo de pobreza persistente.

Placas solares

Desafios e oportunidades na produção sustentável de alimentos

O estudo, realizado como parte do projeto Renováveis para a Agricultura Africana (RE4AFAGRI), envolveu uma equipe internacional de pesquisadores que desenvolveram um modelo de código aberto. Esse modelo utilizou diversos conjuntos de dados relacionados à agricultura, água, energia, despesas e infraestruturas para calcular as necessidades locais de irrigação, dimensionar os componentes tecnológicos necessários - como bombas de água, módulos solares fotovoltaicos, baterias e sistemas de irrigação - e avaliar o impacto econômico e os efeitos no desenvolvimento sustentável decorrentes da adoção das bombas solares.

Giacomo Falchetta, autor líder do estudo e pesquisador do Programa IIASA de Energia, Clima e Meio Ambiente, afirmou que o investimento médio necessário foi estimado em torno de 3 bilhões de dólares por ano, com a possibilidade de gerar lucros superiores a 5 bilhões de dólares anuais por meio do aumento dos rendimentos dos pequenos agricultores. Além disso, destacou os co-benefícios, como melhorias na segurança alimentar e acesso à energia. Falchetta também enfatizou que a redução da lacuna de irrigação por meio de bombas solares acessíveis pode impulsionar a produção de alimentos e contribuir para o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2, que visa a eliminação da fome, e o ODS 7, relacionado à energia limpa e acessível.

A pesquisa demonstrou a relevância dos modelos de negócios e incentivos ao investimento, bem como dos preços das culturas e custos das baterias fotovoltaicas, para determinar a viabilidade econômica da irrigação solar. A adoção de modelos de negócios que distribuam as despesas iniciais aumentou significativamente o número de sistemas de irrigação solar viáveis.

No entanto, o estudo também ressaltou a importância da infraestrutura e governança adequadas para evitar uma exploração insustentável das fontes de água e a redução dos fluxos ambientais. Portanto, investimentos em infraestrutura, como reservatórios para gerenciamento de água sazonal, e reforço na governança dos recursos hídricos são fatores cruciais para garantir a sustentabilidade da implantação em larga escala de bombas solares.

A análise e o modelo de código aberto desenvolvidos podem auxiliar os atores públicos e privados que atuam na interseção entre água, energia, alimentos e economia a identificar áreas economicamente viáveis e quantificar os benefícios potenciais do desenvolvimento da irrigação solar, fomentando assim investimentos nesse setor.

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Com Agências :

Falchetta, G., Semeria, F., Tuninetti, M., Giordano, V., Pachauri, S., Byers, E. (2023). Solar irrigation in sub-Saharan Africa: economic feasibility and development potential. Environmental Research Letters. DOI: 10.1088/1748-9326/acefe5

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