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| céu |
Na verdade, demorou anos. Anos olhando para cima, admirando as nuvens pintadas, as aves voando, o sol brilhante. Eu era apenas uma criança quando me mudei para aquela casa, mas lembro-me claramente da primeira vez que olhei para o teto do meu novo quarto. Fiquei maravilhado. Era como ter o céu inteiro bem ali em cima de mim.
Durante meu tempo naquela casa, o teto era uma fonte constante de entretenimento e imaginação para mim. Eu olhava para ele enquanto adormecia à noite, imaginando estar deitado em um campo aberto, observando as nuvens passando. Pintar as nuvens e imaginar formas nelas era um dos meus passatempos favoritos. Às vezes eu pegava binóculos e examinava os minúsculos detalhes das plumagens das aves pintadas, tentando identificar as espécies. Quando chovia, eu ficava deitado na cama vendo as gotas pingarem das nuvens no teto. Era mágico.
Anos se passaram assim. Eventualmente eu cresci e me mudei, mas as lembranças daquele teto especial permaneceram vivas. Não foi até uma visita aos meus pais já adulto que a realidade me atingiu. Eu estava no meu antigo quarto, pela primeira vez em muitos anos, e naturalmente olhei para cima. Foi quando notei - as nuvens não se moviam. As aves estavam congeladas voando em lugar. As gotas de chuva eternamente pingando da mesma nuvem. E o sol... o sol estava estampado bem no meio, como se fosse sempre meio-dia naquele céu pintado.
Senti-me tolo e ingênuo. É claro que não era um céu de verdade! Era apenas tinta sobre o teto. Uma ilusão criativa, destinada a um menino impressionável. Mas por tantos anos eu realmente acreditei que estava olhando para o próprio céu. Os pintores haviam feito um trabalho tão bom em capturar a essência de um céu dinâmico e vivo que eu nunca questionei sua veracidade.
Agora adulto, ainda olho para aquele teto com carinho. Embora eu saiba que não é real, ele representa minha inocência infantil. Foi um presente dos pais que sabiam o quanto eu amava observar e sonhar com o céu. Para uma criança imaginativa, aquele quarto com o teto pintado era pura mágica.
Então mesmo que tenha levado anos para perceber a verdade, de certa forma eu não lamento. Aquele teto falso me deu uma janela para dias sonhadores e uma infância rica em fantasia. Ele alimentou minha alma criativa por muitos anos. E quando finalmente percebi que ele não era o céu de verdade, isso apenas marcou uma transição apropriada para a realidade adulta.
Agora eu vejo as coisas como elas realmente são - mas nunca esquecerei daquele teto mágico que por tanto tempo parecia conter o mundo inteiro. Ele vive em minha memória como uma lembrança muito especial de inocência e imaginação. E se um dia eu tiver filhos, quem sabe não vou pintar um céu igualzinho no quarto deles também? Para passar adiante a magia e a surpresa daquela descoberta especial que demorou tantos anos e ainda assim valeu a pena. A infância é feita de pequenos milagres como este.
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