Buscando as motivações: investigando os perfis psíquicos na prostituição de elite
Luxo, poder e fama: a realidade psicológica por trás do universo dos(as) acompanhantes
A prostituição, definida como a oferta de serviços sexuais mediante pagamento, é um fenômeno complexo que existe há milênios na humanidade. Esta pesquisa teve como objetivo investigar os perfis psicológicos e as motivações das pessoas que se envolvem profissionalmente com a prostituição de luxo de forma voluntária e autônoma.
Amantes de Paolo Fiammingo, por volta de 1585. |
O que a psicologia revela sobre quem se prostitui? desvendando personalidades
A amostra populacional foi composta por 838 participantes entre 18 e 49 anos, residentes na Itália, que exercem a prostituição em apartamentos privados há pelo menos 6 meses. Foram divididos em quatro grupos etários: jovem (18-25 anos), adulto (26-33 anos), maduro (34-41 anos) e antigo (42-49 anos).
Os instrumentos utilizados foram: entrevista clínica padronizada, Inventário Multifásico de Personalidade de Minnesota (MMPI-II), Entrevista Clínica Integrativa Perrotta (PICI-1) e Questionário de Matriz Sexual Individual Perrotta (PSM-1).
Os resultados do MMPI-II mostraram indicadores preocupantes. Nas escalas clínicas, mais da metade apresentou patologia em hipocondria, depressão, histeria, desvio psicopático, paranóia, esquizofrenia e hipomania. Nas escalas de conteúdo, ansiedade, depressão, comportamento antissocial, sofrimento social e problemas familiares foram altas.
O PICI-1 revelou que mais de 90% têm pelo menos 5 traços patológicos de transtornos de personalidade, principalmente borderline, narcisista, sádico e masoquista. O restante apresentou no mínimo 4 traços de transtorno bipolar, histriônico e psicopático.
No PSM-1, mais de 80% relataram abuso físico/psicológico e exposição precoce à pornografia na infância. Além disso, a grande maioria apresentou disfunção sexual como anorgasmia, baixo desejo e comportamento sexual problemático.
Esses resultados sugerem que a escolha pela prostituição de luxo está fortemente relacionada a transtornos de personalidade, histórico de abusos e disfunção psicossexual. As motivações conscientes relatadas, como independência financeira e controle da própria sexualidade, mascaram questões psicopatológicas profundas.
Uma possível explicação é que a prostituição representa, para essas pessoas, uma forma de lidar com traumas, carências afetivas e distorções da autoimagem. Oferecer o corpo em troca de dinheiro permite obter aprovação externa como compensação para a falta de amor-próprio.
Além disso, o dinheiro e status de “acompanhante de luxo” alimentam o narcisismo patológico, a fantasia de poder e a idealização de uma autoimagem grandiosa que mascara a fragilidade subjacente.
O comportamento sexual promíscuo e as relações “desumanizadas” com clientes também refletem a dificuldade de intimidade e vínculos afetivos genuínos decorrente dos transtornos de personalidade.
Assim, embora haja uma ilusão de liberdade e sucesso financeiro, a prostituição frequentemente agrava questões psicológicas pré-existentes e gera novas complicações, como solidão, vazio existencial e riscos à saúde e segurança.
Este estudo inovou ao investigar especificamente a prostituição de luxo, um segmento pouco estudado. A compreensão dos perfis psicológicos permite desconstruir a visão glamourizada e pensar políticas públicas de assistência.
A maioria expressiva apresentou transtornos de personalidade, indicando sérias condições psicopatológicas pré-existentes. Isso questiona o discurso de empoderamento e escolha completamente livre e consciente pela prostituição.
O caminho que leva à prostituição de elite: questões psicológicas e abusos
Na verdade, os resultados sugerem que essas pessoas buscam na prostituição uma compensação ilusória para traumas, abusos e falta de amor-próprio. O dinheiro e status temporariamente compensam essas carências, mas as consequências psicológicas e sociais são graves.
Portanto, mais que condenar ou glamourizar, é preciso olhar com compaixão e criar políticas de cuidado. Muitas vezes, a escolha pela prostituição representa uma tentativa distorcida de lidar com abusos e obter valorização. Compreender essas motivações é essencial para um diálogo respeitoso e soluções efetivas.
Ao invés de normalizar a prostituição, a sociedade deveria garantir assistência psicológica e oportunidades reais de empoderamento para essas pessoas vulneráveis. Muitas relatam terem entrado na prostituição por falta de opção. Investir em educação, capacitação e inclusão no mercado formal é fundamental.
Além disso, é essencial fortalecer a autoestima e saúde emocional de meninas e mulheres desde cedo, combatendo a objetificação sexual e ensinando relacionamentos saudáveis. Muitos estudos ligam a prostituição a baixa autoestima e histórico de abusos. Romper esse ciclo é crucial.
Em conclusão, essa pesquisa traz novos conhecimentos sobre as complexas motivações psicológicas por trás da decisão de se prostituir, especialmente no segmento de luxo. A visão unilateral deve ser substituída por uma abordagem multidisciplinar de assistência social, psicológica e jurídica. Só assim a sociedade poderá lidar com esse fenômeno de forma verdadeiramente ética, humana e efetiva.
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🖥️ FONTES :
Com Agências :
Perrotta G (2019) Psicologia generale, Luxco Ed., 1th ed.
Perrotta G (2019) Psicologia dinamica, Luxco Ed., 1th ed.
Liggio F (2011) Trattato moderno di psicopatologia della sessualità, Padova, Libreria Universitaria Ed.
Fabrizi A, Rossi R, Tripodi F (2019) Sessuologia clinica. Diagnosi, trattamento e linee guida internazionali. Franco Angeli ed.
Perrotta G (2020) Perrotta Integrative Clinical Interview, LK ed., I ed., pag 270, formato A5.
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