Canhão Marstrand |
Em um emocionante achado arqueológico, uma equipe internacional de pesquisadores liderada pelo arqueólogo marítimo Staffan von Arbin, da Universidade de Gotemburgo, confirmou que um canhão encontrado na costa oeste da Suécia remonta ao século XIV. Esta descoberta é nada menos que a possível identificação do canhão de bordo mais antigo da Europa, uma peça fascinante da história militar.
A Descoberta do Canhão Marstrand
A história deste notável canhão começou em 2001, quando um mergulhador recreativo fez uma descoberta extraordinária nas profundezas do mar perto de Marstrand, a noroeste de Gotemburgo, Suécia. Este mergulhador encontrou um pequeno canhão de liga de cobre fundido com carregamento pela boca, a uma profundidade de 20 metros. Inicialmente, o mergulhador não compreendeu plenamente a importância de sua descoberta, mas, posteriormente, notificou o Museu Marítimo de Gotemburgo sobre o achado.
A equipe de pesquisa, ao analisar o canhão, concluiu que ele não era apenas uma carga transportada, mas, na verdade, um canhão de navio que estava completamente carregado e pronto para uso em combate quando afundou no mar. Este é um fato notável, pois indica que o canhão estava pronto para entrar em ação no momento em que encontrou seu destino no fundo do mar.
Datação por Radiocarbono: Revelando a Idade do Canhão
Uma das façanhas notáveis desta pesquisa foi a utilização da datação por radiocarbono para determinar a idade do canhão. Graças aos vestígios preservados da carga encontrados na câmara de pólvora, os pesquisadores puderam estabelecer com precisão a idade da descoberta. Os resultados são surpreendentes: o canhão Marstrand provavelmente data do século XIV, tornando-se uma das peças de artilharia mais antigas já encontradas na Europa.
A Química do Metal: Revelando Origens Distantes
Os pesquisadores foram além e realizaram uma análise química do metal usado para fundir o canhão. Esta análise revelou que a liga de cobre continha aproximadamente 14% de chumbo e apenas pequenas quantidades de estanho. Surpreendentemente, essa liga não era ideal para a fundição de canhões, o que sugere que o canhão provavelmente racharia e se tornaria inutilizável se usado intensamente por períodos prolongados.
A análise também indicou que o minério de cobre utilizado na produção do canhão era proveniente da Eslováquia atual, enquanto o chumbo provavelmente tinha origem na Inglaterra ou na região fronteiriça entre a Polônia e a República Tcheca. Essas revelações nos dão uma visão das complexas redes de comércio da época e das origens distantes dos materiais utilizados na fabricação do canhão.
O Desenvolvimento da Tecnologia Militar: Canhões do Século XIV
O canhão Marstrand é uma peça de história militar que lança luz sobre o desenvolvimento da tecnologia bélica no século XIV. Embora os canhões em forma de funil, como o encontrado, geralmente sejam atribuídos aos séculos XV e XVI, esta descoberta sugere que esse modelo já existia no século XIV. Além disso, os restos da carga encontrados na câmara de pólvora do canhão indicam que o uso de cartuchos, embalagens têxteis para a carga de pólvora, estava em uso muito antes do que se pensava anteriormente.
Uma Janela para o Passado Marítimo
Esta descoberta fascinante nos oferece uma visão do passado marítimo da Suécia e da Europa. No século XIV, Marstrand era um importante centro de transporte comercial entre a Europa Ocidental e a região do Mar Báltico. No entanto, o mar também era palco de conflitos e pirataria, e as populações costeiras frequentemente sofriam as consequências.
Além disso, essa descoberta nos recorda que até mesmo as tecnologias militares mais antigas tiveram seus períodos de aprendizado e experimentação. A produção de canhões ainda era uma arte em desenvolvimento no século XIV, baseada em tentativa e erro.
O Futuro da Pesquisa: Em Busca do Navio
Embora a descoberta do canhão seja notável por si só, os pesquisadores têm planos ambiciosos para o futuro. Eles desejam localizar e documentar o navio ao qual o canhão pertencia. Mesmo que o navio esteja gravemente degradado e destruído, acreditam que seja possível encontrar vestígios dispersos dos destroços ao realizar um inventário completo do local e seus arredores.
Esta pesquisa interdisciplinar, publicada na revista The Mariner's Mirror, representa uma emocionante janela