Javier Milei está à frente nas pesquisas de opinião na Argentina

Javier Milei subiu nas pesquisas para se tornar o favorito antes das eleições presidenciais do próximo mês na Argentina.

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O candidato presidencial libertário de extrema direita, Javier Milei, está à frente nas pesquisas de opinião antes das eleições presidenciais na Argentina, marcadas para 22 de outubro. Milei propõe a dolarização da economia argentina, a retirada do bloco comercial do Mercosul e a flexibilização das leis sobre armas. O que motiva esse apoio a Milei, um economista admirador do ex-presidente dos EUA, Donald Trump? Qual seria o impacto de sua presidência para a Argentina e como a dolarização influenciaria a economia do país? E quais são as chances de seus concorrentes, o candidato do partido no poder, Sergio Massa, e a candidata da oposição de centro-direita, Patricia Bullrich, nas eleições do próximo mês?

Benjamin Gedan, diretor do Programa para a América Latina do Woodrow Wilson Center, analisa que o apoio a Milei reflete principalmente a impopularidade da coligação peronista no poder e a frustração com os partidos políticos tradicionais da Argentina. Dada a prolongada estagnação econômica e a inflação de três dígitos no país, não é surpreendente que as críticas de Milei à "casta" política ressoem com tantos eleitores. Nos últimos oito anos, as tentativas das coligações de centro-direita e centro-esquerda de controlar a inflação e promover um crescimento econômico consistente foram malsucedidas, resultando em sérios desequilíbrios econômicos.

Bruno Binetti, bolsista do Diálogo Interamericano, argumenta que o apoio a Milei é alimentado pela indignação contra as coalizões tradicionais, frequentemente responsabilizadas pelo estado desastroso da economia argentina. Contudo, Binetti questiona a viabilidade das propostas ultraliberais de Milei. A dolarização, principal solução de Milei para eliminar a inflação, exigiria volumes substanciais de dólares que o Estado argentino não possui, especialmente devido à sua dívida de 44 bilhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional e às reservas negativas do banco central.

Laura Gómez-Mera, professora associada do Departamento de Ciência Política da Universidade de Miami, destaca que o apoio a Milei é impulsionado pela frustração generalizada com a incapacidade tanto da centro-direita quanto da esquerda de oferecer uma alternativa à constante miséria. A imagem de outsider de Milei e suas críticas contundentes à classe política atraem uma ampla gama de eleitores, desde jovens até idosos, ricos e pobres. No entanto, muitos desses eleitores podem ser negativamente afetados pelas reformas econômicas propostas por Milei a longo prazo.

Jorge Heine, professor pesquisador da Escola Pardee de Estudos Globais da Universidade de Boston e ex-embaixador do Chile na China, enfatiza que o apoio a Milei é alimentado pela terrível deterioração da situação econômica argentina. Com altos índices de inflação e pobreza, o país enfrenta uma crise persistente. Embora a dolarização possa proporcionar alívio temporário, ela não resolverá os problemas estruturais subjacentes. Além disso, abandonar o Mercosul isolaria a Argentina na América do Sul, prejudicando as relações com parceiros comerciais essenciais como o Brasil.

Faltando menos de um mês para as eleições, o cenário político argentino permanece incerto. Milei, apesar de sua popularidade, enfrenta desafios consideráveis, incluindo a falta de uma estrutura partidária sólida. As propostas radicais de Milei podem atrair eleitores descontentes, mas sua operacionalização eficaz em uma economia sem reservas significativas permanece em questão. O resultado das eleições dependerá de diversos fatores, incluindo a mobilização dos eleitores e a capacidade dos candidatos de abordar as complexas questões econômicas que afligem a Argentina.

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