Pessoas inspecionam a área do hospital Al-Ahli onde palestinos foram mortos em uma explosão devida a um foguete palestino errante destinado a Israel, na cidade de Gaza, em 18 de outubro de 2023. |
Por Douglas J. Feith
No dia 17 de Outubro ocorreu um evento que marcou significativamente o curso da mais recente escalada de violência entre Israel e o grupo palestino Hamas na Faixa de Gaza. Uma explosão no Hospital Al-Ahli em Gaza resultou na morte de um número incerto de civis palestinos. Esta tragédia foi amplamente divulgada pelos meios de comunicação ao redor do mundo e causou ondas de indignação contra Israel, já que o Hamas rapidamente acusou as forças israelenses de serem responsáveis pelo ataque e afirmou que mais de 500 pessoas haviam morrido.
O episódio no hospital proporcionou uma vitória propagandística muito significativa para o Hamas. No entanto, é importante analisar em mais detalhes o que realmente aconteceu naquele dia, assim como as motivações e estratégias por trás das ações do Hamas neste conflito.
Desde o início, o número de vítimas reivindicado pelo Hamas pareceu altamente exagerado. Investigações subsequentes realizadas por autoridades israelenses e americanas determinaram que a explosão na verdade ocorreu em um estacionamento nas proximidades do hospital, e não dentro do próprio prédio, e o número real de mortos foi bem inferior ao alegado. Além disso, tudo indicava que o incidente não foi causado por um ataque israelense como inicialmente afirmado, e sim por um foguete lançado por algum grupo palestino que falhou em atingir seu alvo.
No entanto, a desinformação inicial já havia servido ao propósito do Hamas. Grandes multidões se reuniram em diversas cidades do mundo árabe em furiosos protestos anti-Israel, e o repúdio global contra as supostas ações israelenses teria um impacto diplomático negativo. Os líderes do Hamas estavam colocando em prática sua perversa estratégia de guerra, que depende da maximização de baixas civis palestinas - reais ou percebidas - para gerar revolta contra Israel.
O contexto político e as motivações por trás dessas táticas merecem uma análise mais aprofundada. O Hamas se define como um grupo islamita radical cujo objetivo final é destruir o Estado de Israel e estabelecer um califado islâmico na região. No entanto, nos últimos anos a causa palestina vem enfrentando desafios cada vez maiores. Países árabes vêm normalizando suas relações com Israel, enfraquecendo a narrativa de que o conflito israelense-palestino é o principal problema do mundo árabe. Além disso, a perspectiva de um acordo de paz entre a Arábia Saudita e Israel poderia ser o golpe final para o projeto revolucionário do Hamas.
Diante desse cenário, os líderes do Hamas viram neste ataque em larga escala contra Israel como sua única oportunidade de salvar a revolução e manter seu status como principal porta-voz da causa palestina. Eles sabem que não podem derrotar militarmente Israel, mas esperam desencadear revoltas no mundo árabe-muçulmano e gerar uma onda de condenações globais contra as supostas “atrocidades israelenses”. As táticas de dano máximo a civis palestinos fazem parte dessa estratégia para inflamar os ânimos internacionais.
Os líderes do Hamas sabem muito bem que colocando bases, depósitos de munições e comando em prédios civis garantirão baixas entre a própria população quando Israel se defender desses ataques. Eles aproveitam-se da necessidade de Israel proteger seus cidadãos com ataques aéreos para, logo em seguida, propagandear a narrativa de “genocídio” ou “crimes de guerra”. Não interessa aos comandantes do Hamas se as mortes civis são reais ou não, desde que cumpram seu papel de inflamar globais - isso é o objetivo final.
Essas táticas do Hamas, contudo, são extremamente prejudiciais aos próprios interesses palestinos no longo prazo. Se o grupo realmente valorizasse a proteção do seu povo, evitaria colocá-los deliberadamente na linha de fogo para fins propagandísticos. Em vez disso, privilegiaria a segurança civil e tentaria encontrar soluções negociadas ao conflito. Infelizmente seus líderes continuam apostando em estratégias que só alimentam mais o sofrimento dos palestinos.
A comunidade internacional também deve abandonar o jogo do Hamas e não recompensá-lo por sua exploração de civis. Ao invés de condenações irrestritas contra Israel sempre que civis são atingidos - mesmo quando em situação de legítima defesa -, é necessário investigar as circunstâncias com mais cuidado e cobrar responsabilidade também do grupo radical. Caso contrário, o Hamas continuará a promover a violência em troca de ganhos políticos, em detrimento da paz e da segurança do povo palestino.
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Quais são as outras estratégias que o Hamas utiliza para promover sua causa?
Além das táticas de exploração de baixas civis para fins propagandísticos que já foram discutidas, outras estratégias comumente utilizadas pelo Hamas incluem:
Lançamento frequente de foguetes contra cidades israelenses, com o objetivo de semear o terror entre a população civil e forçar Israel a realizar ataques em resposta. Isso é explorado pelo Hamas na narrativa de "resistência" e "retaliação".Recrutamento, treinamento e financiamento de "mártires" (suicidas) para realizar atentados terroristas contra alvos civis em Israel, como ônibus e shoppings. Também promove culto à figura destes mártires.Construção de túneis subterrâneos em Gaza que penetram o território israelense, com o objetivo de realizar ataques e sequestros de civis. Israel tem destruído muitos destes túneis.Propaganda agressiva por meio de sites, redes sociais e mídia tradicional, distorcendo fatos e construindo narrativas para implicar Israel em crimes de guerra e violações.Financiamento de grupos afiliados na Cisjordânia e em campos de refugiados para promover a agenda do Hamas por outros meios, como motins e ataques.Apoio do Irã como principal patrocinador externo, que fornece armas, financiamento e treinamento militar para sustentar as operações do Hamas contra Israel.
O objetivo final é constranger diplomaticamente Israel, manter sua causa em evidência e se afirmar como liderança alternativa na questão palestina.
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Editado:Douglas J. Feith, membro sênior do Hudson Institute, atuou como vice-secretário adjunto de defesa na administração Reagan e como subsecretário de defesa para políticas na administração George W. Bush.
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