O aumento do uso de cannabis entre adultos mais velhos no Canadá
A legalização da cannabis no Canadá trouxe várias mudanças na sociedade, afetando diferentes grupos etários de maneiras distintas. Pode-se pensar que os jovens seriam os principais beneficiários dessa nova liberdade. No entanto, a maior surpresa foi o aumento significativo no uso de cannabis entre adultos mais velhos, muitas vezes resultando em visitas ao hospital. Vamos explorar como e por que isso aconteceu.
Maconha nos alimentos |
Histórico da legalização da cannabis no Canadá
A jornada para a legalização da cannabis no Canadá começou em outubro de 2018, permitindo inicialmente a venda de flores secas de cannabis. A segunda fase, em janeiro de 2020, expandiu essa legalização para incluir produtos comestíveis, como doces, bebidas e produtos assados. Esta mudança significativa abriu novas possibilidades e desafios, especialmente para a população idosa.
Aumento do uso de cannabis entre adultos mais velhos
De acordo com uma pesquisa publicada na revista JAMA Internal Medicine, o período pós-legalização viu um aumento acentuado no uso de cannabis entre adultos mais velhos. Antes da legalização, as taxas de uso eram consideravelmente mais baixas. Após a legalização de produtos comestíveis, houve uma triplicação nas visitas ao pronto-socorro por envenenamento por cannabis entre adultos com idade média de 69 anos.
Impactos na saúde dos adultos mais velhos
A intoxicação por cannabis pode levar a uma série de sintomas preocupantes, como confusão, psicose, alucinações, ansiedade, taquicardia, dor no peito, náusea e vômito. Durante o período de estudo de oito anos, 2.322 atendimentos de emergência por envenenamento por cannabis foram registrados entre idosos, destacando a gravidade do problema.
Produtos comestíveis de cannabis
Os produtos comestíveis de cannabis, como gomas e bolos, tornaram-se extremamente populares. No entanto, sua aparência indistinguível de alimentos comuns pode levar ao consumo acidental. Além disso, esses produtos muitas vezes contêm altas concentrações de THC, o principal componente psicoativo da cannabis, aumentando o risco de intoxicação.
Desafios específicos para adultos mais velhos
Os adultos mais velhos enfrentam desafios únicos ao consumir cannabis. As mudanças relacionadas à idade na função dos órgãos e a presença de problemas de saúde crônicos podem aumentar a vulnerabilidade à intoxicação. Além disso, a interação com medicamentos prescritos, especialmente psicoativos, pode agravar os efeitos adversos.
Relatos de casos
Um cenário comum é o de médicos do pronto-socorro que não conseguem identificar a causa do comprometimento neurológico de um paciente idoso até que um teste toxicológico revele a presença de cannabis. Tais casos sublinham a necessidade de maior conscientização sobre o uso de cannabis entre os idosos.
Diferenças entre a cannabis atual e a do passado
A cannabis disponível hoje é muito mais potente do que a das décadas de 1980 e 1990, contendo até 30 vezes mais THC. Muitos adultos mais velhos que usaram cannabis no passado não estão cientes dessas mudanças e podem subestimar a potência dos produtos atuais, resultando em uso excessivo e intoxicação.
Riscos da sobredosagem com produtos comestíveis
Os comestíveis de cannabis têm um efeito mais retardado em comparação com a inalação, levando alguns usuários a consumir doses adicionais antes que a primeira tenha tempo de fazer efeito. Esse comportamento pode facilmente resultar em sobredosagem e envenenamento.
Motivações para o uso de cannabis em adultos mais velhos
Muitos adultos mais velhos recorrem à cannabis por seus potenciais benefícios terapêuticos, como alívio da dor, insônia e sintomas de demência. No entanto, a falta de consulta com profissionais de saúde pode levar ao uso inseguro e complicações.
Prevenção de danos relacionados ao uso de cannabis
A prevenção de danos requer uma abordagem multifacetada. Os produtos comestíveis devem ser armazenados em locais fechados e rotulados claramente. Informações sobre dosagem específica para idosos são cruciais para evitar envenenamentos acidentais. Profissionais de saúde devem manter conversas abertas e sem julgamentos com seus pacientes idosos sobre os riscos e benefícios da cannabis.
Recomendações para uso seguro
A quantidade de cannabis necessária para causar intoxicação pode variar entre indivíduos. No entanto, estudos sugerem esperar pelo menos três horas antes de consumir uma segunda dose de um produto comestível. Seguir o mantra da geriatria de "comece devagar e vá devagar" pode ajudar a minimizar riscos.
Pesquisas futuras e necessidades de educação
Mais pesquisas são necessárias para entender completamente os efeitos da cannabis em adultos mais velhos. Programas educativos específicos para essa faixa etária podem fornecer orientação sobre o uso seguro e ajudar a prevenir incidentes de envenenamento.
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Conclusão
A legalização da cannabis no Canadá trouxe benefícios e desafios. O aumento do uso entre adultos mais velhos destaca a necessidade de equilibrar liberdade e segurança. Educar essa população sobre os riscos e promover o uso responsável são passos essenciais para evitar consequências adversas.
FAQs
1. Por que os adultos mais velhos estão usando mais cannabis após a legalização?
Muitos procuram os benefícios terapêuticos da cannabis, como alívio da dor e insônia.
2. Quais são os principais riscos do uso de cannabis para adultos mais velhos?
Os riscos incluem intoxicação, interações com medicamentos prescritos e efeitos adversos devido a mudanças na função dos órgãos.
3. Como os produtos comestíveis de cannabis diferem das flores secas?
Os comestíveis têm um efeito mais retardado e podem conter altas concentrações de THC, aumentando o risco de sobredosagem.
4. O que os idosos devem considerar ao consumir cannabis?
Devem começar com doses pequenas, esperar pelo menos três horas antes de consumir mais e conversar com profissionais de saúde sobre o uso seguro.
5. Quais medidas podem ajudar a prevenir envenenamento por cannabis em adultos mais velhos?
Armazenar produtos comestíveis em locais seguros, seguir orientações de dosagem e promover a educação sobre o uso responsável são medidas eficazes.