Protocolo de manejo clínico e diagnóstico diferencial durante enchentes no Rio Grande do Sul
Ilustração : calamidade , enchentes |
Ministério da Saúde emite alerta sobre doenças durante as inundações no Rio Grande do Sul
Brasília, 22 de junho de 2024 - Em resposta às recentes inundações no Rio Grande do Sul, o Ministério da Saúde (MS), em conjunto com a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), o Departamento de Doenças Transmissíveis, e outras entidades, emitiu a Nota Informativa Conjunta Nº 5/2024. O documento orienta sobre a suspeição, diagnóstico diferencial, manejo clínico e terapêutico de doenças como leptospirose, hepatite A, dengue e doenças diarreicas agudas (DDA) durante este período crítico.
Contexto
As enchentes e alagamentos trazem uma série de desafios à saúde pública, especialmente com o aumento da exposição a patógenos de veiculação hídrica. Este cenário exige uma resposta organizada para lidar com a emergência de doenças infecciosas e a crescente demanda sobre a rede de atenção à saúde, já sobrecarregada.
Análise
Durante as enchentes, a população está mais exposta a doenças como a DDA, leptospirose, hepatite A e dengue. A semelhança dos sintomas dessas doenças febris agudas exige um diagnóstico preciso para evitar complicações. É crucial reconhecer os sinais de alarme e diferenciar as causas para um manejo adequado dos casos.
Durante as enchentes, é importante estar atento aos sintomas das seguintes doenças para uma identificação precoce e um manejo adequado:
Leptospirose:
Sintomas iniciais semelhantes aos da gripe, como febre, dor de cabeça e dores musculares.
Podem surgir sintomas mais graves, como icterícia (coloração amarelada da pele e olhos), insuficiência renal, hemorragias e comprometimento pulmonar .
Hepatite A:
Sintomas iniciais incluem febre, mal-estar, perda de apetite, náuseas e vômitos.
Pode evoluir com icterícia, urina escura e fezes claras .
Dengue:
Febre alta, dores musculares intensas, dor atrás dos olhos, dor de cabeça e erupções cutâneas.
Em casos graves, pode ocorrer sangramento, choque e comprometimento de órgãos .
Doenças Diarreicas Agudas (DDA):
Caracterizadas por fezes líquidas ou pastosas, aumento da frequência de evacuações, dor abdominal, febre e náuseas.
A avaliação do estado de hidratação é fundamental para o tratamento adequado e prevenção de complicações .
É essencial procurar assistência médica ao apresentar sintomas sugestivos dessas doenças, especialmente após exposição a áreas alagadas, lama ou esgoto durante as enchentes. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para evitar complicações e garantir a recuperação do paciente.
Orientações Clínicas
Os casos de DDA são caracterizados por diminuição da consistência das fezes e aumento da frequência de evacuações, podendo ser acompanhados de dor abdominal, febre, náusea e/ou vômito. A avaliação clínica e do estado de hidratação dos pacientes é essencial para definir o tratamento adequado e prevenir casos graves e óbitos.
Para pacientes com suspeita de leptospirose, hepatite A e dengue, especialmente aqueles com histórico de exposição a áreas alagadas, lama ou esgoto nos últimos 30 dias, recomenda-se o seguinte manejo clínico:
- Leptospirose: Tratamento antibiótico imediato com Doxiciclina ou Amoxicilina, conforme as diretrizes do MS, mesmo sem confirmação diagnóstica inicial.
- Dengue: Hidratação oral rigorosa para casos sem sinais de alarme (Grupos A e B), e manejo hospitalar para casos mais graves (Grupos C e D).
- Hepatite A: Notificação imediata e manejo conforme os protocolos estabelecidos.
Exames Diagnósticos e Notificação
Os fluxos de notificação estabelecidos pelo estado do Rio Grande do Sul devem ser seguidos rigorosamente:
- Leptospirose: Notificação à vigilância epidemiológica municipal.
- Dengue: Notificação em até 72 horas da identificação do caso.
- Hepatite A: Notificação e registro conforme os formulários disponibilizados.
- DDA: Registro pelas Unidades Sentinelas e notificação de surtos.
Conclusão
O manejo de síndromes febris agudas e diarreicas em cenários de desastre natural exige uma abordagem rápida e eficiente. A identificação precoce dos sinais de gravidade e a correta orientação dos pacientes são fundamentais para evitar desfechos desfavoráveis. As diretrizes emitidas pelo Ministério da Saúde devem ser seguidas rigorosamente para garantir a melhor resposta possível à crise de saúde pública desencadeada pelas inundações no Rio Grande do Sul.
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